Sobrevivente do ataque terrorista de 7 de outubro, revela sua dramática experiência daquele dia – Yair Pinto

(08/06/2024)

Em 6 de outubro de 2023, cerca de 3500 pessoas, em sua maioria adultos jovens, participavam do Festival de Música Supernova, num local próximo ao Kibutzim Rei, uma comunidade coletiva de Israel, localizada cerca de 5 km da fronteira com a Faixa de Gaza.

Havia 3 palcos, uma zona de camping e uma praça de alimentação, montada no festival, promovido como uma celebração de amigos, amor e infinita liberdade.

Às 06h30 da manhã de 7 de outubro, foguetes foram vistos no céu e as sirenes de alerta foram ouvidas. Terroristas do Hamas, em motos, caminhões e parapentes motorizados, invadiram o local do festival, assassinaram 364 pessoas e levaram mais 40 como reféns.

Estou indo até Re’im para conhecer Rafaela Treistman, que sobreviveu ao massacre do festival Nova. O namorado dela, Hanani Glazer, infelizmente foi tragicamente assassinado.

Desde então um memorial foi criado no local do festival, para lembrança dos mortos e sequestrados, completado com pequenos jardins e memoriais agora enchem esse lugar.

Eis o resumo da entrevista:

Meu nome é Rafaela Treistman. Tenho 20 anos de idade. Estive aqui no festival Nova no dia 7 de outubro de 2023. Na verdade, cheguei aqui no dia 6 de outubro às 23 horas, com meu namorado, Hanani Glazer, e com um amigo, Rafael Zimmerman.

E tudo aqui era tão.., tão lindo, tão incrível.

Estávamos em frente do DJ, estávamos dançando. Eu estava olhando ao redor. Todos estavam sorrindo. As pessoas estavam tão cheias de alegria e felicidade e amor. O sol começou a nascer. Todos estavam meio que vendo uns aos outros pela primeira vez novamente. As energias estavam aqui, super altas.

De repente a música parou. E então todo mundo começou a gritar com o DJ, tipo, não, não.

Por que você parou a música agora?

Por que você fez isso?

Como se discutissem com ele.

E então ele pegou o microfone e disse ser um ALERTA VERMELHO e todos têm que sair e ir para um abrigo!

Começamos a correr em direção ao vilarejo de Re’im, porque lá tem um abrigo. Duas pessoas que estavam na festa nos levaram para um abrigo, que fica a um minuto daqui.

No início estávamos em 3 dentro do abrigo. Depois muitas pessoas entraram e éramos 40 pessoas num abrigo bem pequeno.

Assim, vocês podem imaginar como estávamos. Começamos a ouvir um policial, uma mulher. Ela estava falando no rádio e estava dizendo,

“Estou em Re’im e fui alvejada e aqui há terroristas e eu vou morrer.”

Então ouvimos os terroristas matando ela, pois ouvi alguns tiros e ela não falou mais nada.

Estavam umas 40 pessoas dentro do abrigo, uma em cima da outra, ouvindo a policial oficial ser baleada.

Depois de matarem a policial, jogaram para dentro do abrigo a primeira granada de gás. Depois jogaram uma série de coisas, como granadas comuns, granadas de fragmentos e granadas de gás.

Em seguida, começaram a vir para dentro e simplesmente caminharam sobre os corpos e atiraram em todos que estavam lá. Eles simplesmente riam e gritavam.

Eu estava debaixo dos corpos, dizendo ao meu namorado,

Quero ir para casa. O que estou fazendo aqui? O que está acontecendo?

Ele tentava de acalmar dizendo:

Querida, calma. Estamos misturados com muitos corpos. Vai ficar tudo bem. Estamos no canto. Vai ficar tudo bem.

Eles também montaram um tipo de lareira no lugar da porta. Não há porta, mas onde supostamente deveria estar. E eles queimaram muitos corpos. Então toda aquela fumaça estava vindo para dentro. Uma mulher caiu sobre mim e eu não conseguia mais respirar. Eu dizia para ele e para o amigo.

Tirem essa mulher de cima de mim ou eu vou morrer.

Eles não conseguiam tirá-la, porque estava muito apertado. Também não estavam respirando bem. Eles não conseguiam. Ele não sabia como ajudar de outra forma e simplesmente disse,

Tenho que fazer alguma coisa. Minha hora chegou. Tenho de tentar fazer alguma.

E foi embora. Eu não conseguia me mover, então não vi ele ser baleado. Eu apenas fiquei lá, ouvindo tudo. Tentando estar em algum lugar diferente em minha mente.

5 horas depois vi um homem entrando e saindo do abrigo. Escutei ele gritar em hebraico,

Quem ainda está vivo? Quem está vivo?

Então eu de alguma forma consegui me levantar. Ele me disse para ir em direção a ele. Antes de chegar até ele, parei e vi tudo o que estava na minha frente, todos aqueles corpos.

Eu estava tentando não pisar em ninguém e, ao mesmo tempo, procurando meu namorado.

Eu estava olhando e pensando,

Esse aqui, sua perna está para fora, mas essa não é a tatuagem dele. Então, esse aqui, foi explodido, mas esse braço é muito grande para ser dele. Eu não sei.

E então o homem me levou para fora e eu vi essa grande lareira com corpos queimados. A única coisa que eu consegui tirar da minha boca foi,

Hanani morreu.

Comecei a gritar dizendo:

Hanani morreu. Ele morreu, ele morreu.

Então eu vi o corpo dele e as imagens ficaram em minha cabeça e eu apenas pensava,

Não, isso não pode ser.

Daquelas 40 pessoas, apenas 10 conseguiram sair vivas do abrigo.

Os foguetes tinham começado às 6h30 da manhã e eu só consegui chegar ao hospital lá pelas 5 da tarde.

Fiquei lá por umas poucas horas. Estava coberta de sangue. Você entrava no hospital e via uma cena de filme. Médicos correndo, pessoas gritando, pessoas decapitadas, pessoas sem braços, sem pernas, explodidas, mortos, famílias procurando, mostrando fotos para todo mundo.

Você viu meu filho? Vocês viram meu filho?

Eu ficava apenas gritando para os médicos e dizendo,

Meu namorado, meu querido Hanani.

Minha mãe não entendia. Demorou umas boas 3 ou 4 horas para me encontrar. Eu não conseguia fazer nada. Não entendia o que estava acontecendo. Eu não me importava. Então, em algum momento eles me levaram para casa.

Eu não ouço muito bem. Meus olhos arderam por cerca de 2 ou 3 semanas. Eu não conseguia realmente abri-los. E eu tossia coisas pretas. Não tenho ideia do que eram. Meu cabelo cheirava a corpos mortos por umas 3 semanas. Não conseguia tirar aquele cheiro do meu cabelo.

As pessoas dizem que com o tempo, as coisas vão ficar mais fáceis para mim. Elas só ficam mais confusas.

Por exemplo, ao mesmo tempo, sinto que muita coisa passou, mas tudo é uma espécie de borrão. E ao mesmo tempo, sinto que ainda estou em outubro. É como se eu tivesse 2 coisas diferentes para lidar. A coisa pela qual passei.

Sinto muita falta do meu namorado.

E é mais ou menos isso. É estranho. É como se meu cérebro estivesse mentindo para mim. Como se Hanani fosse voltar ou alguma coisa. Então é simplesmente muito estranho.

Pessoalmente acho que é muito importante compartilhar minha história, porque Israel está lutando uma guerra com tanques e balas e estamos vencendo essa guerra.

Mas há a outra guerra, a guerra da mídia, da opinião pública do mundo e podemos ver manifestações acontecendo nos Estados Unidos, no Canadá e em outros lugares, basicamente manifestações anti-israelense e pró Hamas.

Esse é o problema. A ignorância, a falta de informações, a falta de compreensão. Pessoas dizem qualquer coisa só para se sentirem como se fossem parte de alguma coisa. Mas elas esquecem que estão falando sobre seres humanos.

Estávamos aqui para celebrar. Esses são jovens. O que eles fizeram? O que eu fiz? Viemos aqui para festejar. O que é mais normal do que jovens vindo para uma festa?

Viemos aqui desarmados, felizes, descontraídos, com nossos melhores amigos e com as pessoas que mais amamos.

Como você pode cantar para uma coisa dessas que eles fizeram conosco? Como você pode apoiar algo como isso? Como você pode apoiar pessoas invadirem um país, decapitarem bebês, matarem pessoas e queimarem famílias? Invadindo um festival atirando e assassinando? Vindo para abrigos onde eu estava rindo e comemorando as atrocidades que faziam?

É por isso que eu me lembro deles. Celebrando o que estavam fazendo. Ninguém pode me dizer que estou mentindo. Ninguém pode me dizer que estou imaginando coisas. Tenho provas. Tenho em meu telefone, tenho fotos. Eu vivi aquilo. Sinto ser nosso trabalho explicar e contar isso às pessoas, porque as pessoas que morreram não podem falar por elas mesmas. Elas não podem compartilhar suas histórias, Elas são apenas imagens agora, lembranças.

As pessoas ao redor do mundo, esqueceram sobre o 7 de outubro. Elas já esqueceram. E mesmo que eu tente esquecer, não consigo esquecer.

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Apreciei muito a disposição da Rafaela em compartilhar sua história, que milhões de pessoas em todo o mundo vão assistir na TBN e estarão orando pelo povo de Israel, apoiando.

A única coisa que podemos fazer é compartilhar a verdade, para que as pessoas saibam o que aconteceu e entendam porque Israel está lutando.

Os homens que cometeram essas atrocidade pertencem a uma organização terrorista chamada Hamas, que oprime o povo palestino de Gaza.

O impacto duradouro de 7 de outubro vai permanecer conosco indefinidamente.

Além da trágica perda daqueles que foram assassinados e dos que foram levados como reféns e da imensurável dor que suas famílias continuam a suportar, há aqueles que testemunharam as horríveis atrocidades, que testemunharam o mal que nunca imaginaram ser possível, se desenrolar diante de seus olhos.

A vida deles nunca mais será a mesma.

Por favor, ore por todos aqueles afetados naquele trágico dia. para que encontrem paz em seus corações.

Por favor, ore pelo retorno dos reféns israelenses ainda mantidos cativos em Gaza; que nossos soldados estejam seguros. E o mais importante, vamos nos unir em oração pela paz de Jerusalém.

Yair Pinto

TBN Israel

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NOTA

O texto acima foi extraído de parte das legendas deste vídeo publicado no Bitchute. Tive que fazer algumas edições e adaptações para melhorar o entendimento da tragédia, pois a moça falava em tom coloquial, às vezes indicando os locais onde ela estava durante o massacre terrorista de 7 de outubro de 2023 e também retirei algumas interrupções feitas pelo entrevistador, pois ficariam confusas transcritas em texto. Se tiver interesse em ver exatamente como foi toda a entrevista, assista o vídeo deste link.

Luigi Benesilvi

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