Evidências da presença e êxodo dos hebreus no antigo Egito – Luigi Benesilvi

(20/06/2023)

“E tirou Faraó o anel da sua mão e o pôs na mão de José e pôs um colar de ouro no pescoço dele. E disse Faraó a José: Eu sou Faraó; porém sem ti ninguém levantará sua mão ou o pé em toda a terra do Egito. E Faraó chamou a José de Zafenate-Panéia, e deu-lhe por esposa Azenate, filha do sacerdote de Om.” – Livro do Gênesis 42-45

Arqueólogos têm questionado os relatos da Bíblia sobre a passagem dos judeus no antigo Egito, afirmando não haver provas arqueológicas sobre hebreus vivendo no Egito, tendo como principal argumento o fato de não terem encontrado vestígios arqueológicos de assentamentos judeus nos tempos de Ramsés II (1279-1213 AC), quando teria acontecido o êxodo.

A confusão parece ter sido causada por uma frase da Bíblia, no Livro do Êxodo, versículo 11:

“E puseram sobre os hebreus maiores tributos, para os afligirem com suas cargas e os puseram a edificar armazéns na cidade de Pi-Ramsés.” – Exodus 1:11

Um filme de 1923, do diretor Cecil B. de Mille, chamado “Os Dez Mandamentos” e seu remake, na década de 50, ajudaram a cristalizar a versão de que o Êxodo teria acontecido na época de Ramsés II, pois os hebreus teriam sido escravizados e estariam construindo uma cidade para aquele Faraó.

Os defensores da Bíblia alegam que o nome da cidade original é Avaris, já abandonada na época de Ramsés II, tendo o nome sido atualizado mais tarde por quem transcreveu o versículo, apenas para maior compreensão do local da ocorrência.

Dão como exemplo que ninguém questiona o fato de holandeses terem fundado a cidade de Nova York, quando na verdade, historicamente, o nome da cidade que eles fundaram no século 17 era chamada de New Amsterdam.

Existem outras discrepâncias de datas e nomes, em razão das dificuldades naturais de referenciá-las depois de mais de três mil anos.

Muita gente acredita que a Bíblia é baseada em fatos reais e nos últimos anos têm sido descobertos vestígios da passagem dos hebreus pelas terras do antigo Egito.

Voltando à história de José.

Como foi que o estrangeiro José recebeu tanto poder de um Faraó egípcio?

Por acaso assisti um vídeo com este documentário, legendado, chamado “Padrões de Evidências – Exodus”, no qual o autor defende a tese que a presença dos judeus no Egito aconteceu bem antes do reinado de Ramsés II.

Resolvi ir um pouco mais fundo e comecei por ver quando mesmo teria acontecido a história de José e o sonho do Faraó.

Dá para ter uma ideia da cronologia dos períodos de reinado do Egito pela tabela abaixo.

José teria chegado no Egito no final do Reino Médio ou início do 2º período intermediário.

Depois de ter administrado a produção de alimentos durante os sete anos de abundância, José vendeu o excedente durante os sete anos de carestia e enriqueceu o Faraó.

Agradecido, o Faraó deu a José e sua família as melhores terras do norte do Egito, na região de Goshen. Junto com a família de José vieram muitos outros judeus.

Existe inscrições numa pedra, feitas em época anterior, dizendo ter havido fome no Egito.

Transcrição de parte dos dizeres da pedra:

“O rei está perturbado e preocupado, pois a terra está sofrendo com a seca e a fome há sete anos, período durante o qual o Nilo não inundou as terras agrícolas. Os egípcios estão sofrendo por causa da seca e como estão desesperados, estão violando as leis do país.”

Os arqueólogos admitem terem encontrado vestígios de assentamentos semitas no norte do Egito no período de 1800 a 1400 antes de Cristo, numa antiga cidade do norte, então chamada Avaris (mais tarde rebatizada de Pi-Ramsés).

Nos anais do Egito existem registros da presença de populações semitas, chamadas Hyksos, no delta do rio Nilo, a partir de 1800 AC, tendo chegado a dominar todo o norte, com reis também chamados de Faraós, entre 1700 e 1550 AC, quando fundaram a 15ª dinastia.

O episódio em que invejosos irmãos de José o teriam vendido para uma caravana de mercadores que estavam indo para o Egito teria acontecido em torno do ano de 1700 AC, quando o Faraó do norte do Egito seria um Hykso, povo de mesma origem dos judeus.

A capital do reino dos Hyksos era a cidade de Avaris.

Os defensores da Bíblia também usam como argumento a existência de um canal, chamado “Bahr Yusuf” (canal de José), ainda em uso, que desvia água do rio Nilo para uma área agrícola muito produtiva e um lago chamado Qarun ou Fayum.

Em relação ao êxodo, segundo consta na Bíblia, ele teria acontecido cerca de 400 anos antes do início da construção do Primeiro Templo pelo rei Salomão, o que dá o ano de 1446 antes de Cristo.

As datas podem variar em até 50 anos, pois naqueles tempos não havia contagem de anos corridos e sim relacionados ao reinado de cada Faraó, sendo a conversão para nosso calendário não muito precisa.

Outro fator que dificulta a correta identificação de algum evento histórico muito antigo é que os nomes usados atualmente não são os mesmos que os antigos usavam. Por exemplo, a palavra “Egito” é uma designação usada pelos gregos e não existia naquela época. O Egito do tempo dos faraós era chamado de “Mekit”, que significa “terra preta” ou “terra fértil”.

A história de Moisés começa quando o Faraó, que já tinha derrotado os Hyksos, ficou preocupado com a quantidade de estrangeiros bem-sucedidos vivendo na região do delta do rio Nilo e começou a dificultar a vida deles, culminando por submetê-los a trabalho escravo na construção de edificações na cidade de Avaris, mais tarde chamada PI-Ramsés.

Existe um papiro chamado de “Brookling Papyrus”, no qual constam dezenas de nomes de escravos hebreus, como Menahem, Ashra, Siprah.

Como o número de estrangeiros continuava crescendo, o Faraó resolveu mandar matar os meninos recém-nascidos. Moisés estava com três meses de idade e como ia ser morto, a mãe dele o pôs num cesto e o colocou no rio, na esperança que fosse encontrado em outro local e adotado por alguém.

Um pouco abaixo do local em que moravam os hebreus havia um palácio do Faraó e a filha dele encontrou o cesto e adotou o menino, chamando-o de Moisés, que significa “retirado do rio”.

Isso foi lá pelo ano de 1500 antes de Cristo.

Acontece que a filha do Faraó, chamada Hatshepsut, algum tempo depois se tornou rainha e protegia Moisés, criado no palácio. Quando ela morreu, Moisés ficou desprotegido e foi perseguido, tendo que fugir.

Foi para uma região oriental chamada “Media”, do outro lado do golfo de Ácaba.

Moisés foi acolhido por uma tribo local, casou com Sephora e teve vários filhos.

Depois de uns 40 anos teve aquele chamado de Deus e voltou para o Egito, onde já reinava outro Faraó, com o qual teve aquele entrevero todo das pragas e conseguiu libertar os judeus.

Um papiro existente no museu de Leiden, na Holanda, chamado de Papiro de Ipuwer, descreve um mundo caótico, onde os papéis sociais foram invertidos e o povo se revolta contra o rei egípcio. Várias das calamidades mencionadas no papiro são parecidas às listadas no Êxodo, como as Dez Pragas do Egito.

Diz parte do papiro, sob o título de “Conselhos de um sábio egípcio”:

“Vejam, o Egito está caindo com o verter da água. E aquele que jorrou a água no solo causou todo o tormento miserável. O rio virou sangue. Se você dele beber, perderá sua humanidade e terá sede de água. Acabou a abundância de cevada. Alimentos estão ficando escassos. Os nobres passam fome e sofrem. Aqueles que tinham abrigo estão na escuridão da tempestade. Vejam, a praga varre a terra. Há sangue em todos os lugares e uma abundância de mortos. Aqueles que sepultam seu irmão estão em toda a parte. Ai de mim pelo sofrimento desta épica. O pranto se espalha junto com lamentos.”

A data do Papiro de Ipuwer estaria de acordo com as datas estimadas de Moisés e do Grande Êxodo, embora os detratores afirmem que ele é bem mais antigo.

Os egípcios não costumavam documentar suas derrotas e não há qualquer registro dos acontecimentos do êxodo.

Em Luxor, no Egito, existe um monumento chamado de “Meremptah Stela” ou “Israel Stela”, erigido pelo filho de Ramsés II, Meremptah, pouco tempo depois da morte de Ramsés, no qual está escrito que “Israel foi derrotado e sua semente já não existe mais”.

Ramsés II reinou de 1279 até 1213 e Merneptah, filho de Ramsés, de 1213 até 1203.

Isso mostraria que Israel já era reconhecido como uma nação apenas alguns anos depois de Ramsés, o que seria impossível se os hebreus recém tivessem saído do Egito durante o reinado de Ramsés.

Os arqueólogos que escavaram as ruínas de Avaris concluíram que o local foi abandonado abruptamente lá pelo ano de 1400 antes de Cristo. A data foi estimada por exames em ossos de pessoas e animais.

Foram encontradas casas e sepulturas do tipo usado por povos semitas, bem diferentes dos tipos usados pelos egípcios.

Muitas sepulturas continham, além dos esqueletos humanos, esqueletos de burros e cabras, coisa que os egípcios não faziam com seus mortos.

Como consta no documentário de Timothy P. Mahoney, a destruição da cidade de Jericó teria mesmo acontecido algum tempo depois dos 40 anos em que os judeus vagaram pelo deserto e na forma descrita na Bíblia.

Tendo começado com o cerco, a queda dos muros, seguido de incêndio da cidade, depois de sete dias de cerco.

Os defensores argumentam que os depósitos de alimentos da cidade ainda continham muitos alimentos, o que não ocorreria se o cerco tivesse sido prolongado.

Pelo que assisti no documentário e em outros vídeos sobre o antigo Egito, parece haver uma pré-disposição em desacreditar completamente a história da Bíblia, tanto por parte de arqueólogos ateus, como por autoridades do Egito.

No caso dos egípcios e até compreensível, pois se trata de um país de maioria muçulmana e não há interesse em auxiliar a comprovação do livro história de uma religião rival. O Islã foi criado no ano 632 depois de Cristo.

O pesquisador Mincha Jacobovici, fez um longo documentário sobre a presença dos hebreus no Egito e conseguiu entrevistar o arqueólogo austríaco, Manfred Bietak, descobridor da antiga cidade de Avaris, capital dos faraós semitas, chamados Hycsos, onde encontrou 9 selos com a inscrição “Yaakov, pai de José”.

O vídeo original pode ser assistido neste link e o resumo de 6 minutos com Manfred Bietak mostrando os selos, pode ser visto neste link.

Tive a impressão que a maioria dos detratores exigem que os defensores comprovem TODOS os eventos narrados na Bíblia, com provas de ocorrência e datas e não só alguns e ainda assim de forma não ratificada pela arqueologia convencional.

Parece que não conhecem a frase “a ausência de evidência não significa evidência de ausência”.

Luigi Benesilvi

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NOTA

Existem dezenas de vídeos tratando desse assunto, infelizmente quase todos em inglês, sendo que os principais foram feitos por Timothy P. Mahoney e David Rohl.

Para ter fatos como argumentos, o autor do vídeo investigou alguns eventos que teriam que ter acontecido para justificar a presença e a saída dos hebreus no Egito.

Chegada (com Josué e a família de Jacob);

Multiplicação (com o aumento da presença de hebreus)

Escravidão (pelos receios do Faraó da presença de muitos estrangeiros);

Julgamento (Colapso econômico do Egito e enfraquecimento do poder militar);

Êxodo (Libertação dos hebreus);

Conquista (Destruição de Jericó e outras cidades de Canaan).

Os eventos foram investigados, confirmados e colocados num mural, contendo as épocas em que deveriam ter acontecido para ratificação da história da presença dos hebreus no Egito.

No documentário isso tudo está bem explicado poderá ser melhor entendido por quem tiver o interesse e a paciência de assisti-lo neste link.

Luigi

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