Alguns eventos ilustrativos da História da Jihad islâmica – Robert Spencer

(30/08/2024)

Meu amigo David Wood, o grande flagelo dos apologistas islâmicos, me disse há pouco tempo, que sabia o que estava no Corão, que havia passagens profundamente problemáticas nele e ele sabia sobre a vida de Maomé, que Maomé não era exatamente, como diz Karen Armstrong, um “Gandhi do século 7″, mas ela realmente diz isso também.

Mas, na verdade, Maomé foi um “Senhor da Guerra”, do século 7, que liderou exércitos, perseguiu e assassinou seus opositores. Mas depois disso, há uma lacuna, até que o terrorismo da jihad do século 20 se tornou parte de nossa vida cotidiana.

Assim, “A História da Jihad”, na verdade, é um livro que eu queria escrever há muitos anos, para preencher essa lacuna e dar às pessoas uma visão geral do que aconteceu depois que Maomé morreu e antes dos sauditas descobrirem o petróleo e começassem a financiar o terrorismo Wahhabita em todo o mundo.

É uma história que espero que vocês achem interessante. Acho que é um momento urgente, em muitos aspectos, para a política pública americana e a política pública de muitos outros países atualmente. Pensei que esta noite eu tentaria delinear um pouco disso.

Uma das primeiras coisas que considero dignas de nota sobre os 14 séculos da história da jihad é o que não se vê nela. Isso é que não se vê qualquer resistência muçulmana à prática da jihad e à violência da jihad. Não se vê em qualquer país, em qualquer momento, em qualquer lugar, em qualquer circunstância, alguma grande organização muçulmana se opondo à violência da jihad.

Agora, por que isso importa?

Porque hoje em dia, especialmente na Europa Ocidental, nos Estados Unidos, em menor grau, estamos apostando nosso futuro na ideia que podemos trazer um grande número de muçulmanos para o Ocidente e nunca teremos qualquer problema com a atividade da jihad. Que tudo isso é coisa do passado e que não precisamos nos preocupar com isso. Mas uma coisa que também não vemos na história da jihad é qualquer rejeição, reforma, reconsideração ou outro tipo de mitigação dos elementos dos textos e ensinamentos islâmicos, que deram origem à atividade da jihad.

Portanto, é certamente verdade, é inegavelmente verdade, que a maioria dos muçulmanos de hoje não está praticando a jihad. Isso é ótimo. E, mais uma vez, estamos apostando nosso futuro nisso. No entanto, a ideia de que a maioria dos muçulmanos de hoje não está praticando a jihad significa que eles são, portanto, pluralistas democráticos que aceitam os princípios dos direitos humanos, que estão enunciados na Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, de 1948, permanece, na melhor das hipóteses, não comprovada e não tem qualquer antecedente histórico.

Durante toda a história da jihad, houve guerra de estado por parte de entidades islâmicas contra entidades não muçulmanas, somente pelo fato de serem não muçulmanas. Vemos isso desde o início.

Supõe-se que Maomé, de acordo com a tradição islâmica, tenha morrido no ano de 632. E quase imediatamente depois disso, os exércitos saíram da Arábia e conquistaram o Oriente Médio e o norte da África. Logo conquistaram a Pérsia, que era uma das 2 grandes potências da época. E atacaram a outra grande potência da época, o império romano oriental ou bizantino.

E em 732, 100 anos após a data tradicional da morte de Maomé, eles estavam, é claro, no centro da França, lutando em Poitiers (ou Tours) contra Charles Martel, “Carlos, o Martelo”, que parou seu avanço. Sitiaram Constantinopla, a grande cidade do império oriental, primeiro em 675 e depois novamente em 717.

Durante todo esse tempo, lutaram contra a Europa de ambos os lados. E este livro é o primeiro a discutir esse assunto de forma extremamente longa e narrativa. Eles também estavam levando a jihad para a Índia e a estavam realizando com especial fúria lá, porque os indianos não eram do “Povo da Livro (Bíblia)”. A maioria de vocês, tenho certeza, sabe que o Corão fala de judeus, cristãos, zoroastristas e alguns outros como “Pessoas do Livro”, que têm revelações supostamente legítimas de Allah, que distorceram e mudaram seus significados originais e, portanto, por respeito a essa revelação, eles têm a oportunidade de viver em paz como não muçulmanos dentro do Estado Islâmico.

Mas eles têm de se submeter a vários humilhantes e discriminatórios regulamentos, principalmente o imposto da “Jizya”, especificado no Corão, capítulo 4, verso 29, para os “Dhimis”, as chamadas “pessoas protegidas”. Agora, essas regulamentações humilhantes e discriminatórias tornam a vida muito, muito difícil para essas populações, de modo que podemos perguntar, por exemplo, o que aconteceu com os cristãos do Egito? O Egito era 99% cristão quando foi invadido no final dos anos 630, e conquistado nos anos 640. Agora, tem cerca de 10% de cristianismo. Para onde foram todos os cristãos? Se mudaram? Não, Eles ainda estão lá. Eles são os atuais muçulmanos do Egito. O que aconteceu foi que era tão difícil viver como “dhimmi” no Egito que, com o passar do tempo, a única coisa que eles tinham de fazer para sair de toda essa humilhação e assédio constante era se converter. Eles se converteram. É muito difícil pensar que alguém que enfrentasse esse tipo de situação faria algo diferente. Embora, é claro, alguns tenham resistido e devemos reconhecer sua coragem e perseverança.

Ao mesmo tempo, os hindus na Índia, nem mesmo tinham essa proteção, porque não eram do “Povo do Livro”. Consequentemente, a escolha que Maomé e o Corão dão ao “Povo do Livro”, é converter-se, submeter-se ao governo da lei islâmica ou ser morto. Para os hindus, era apenas converter-se ou ser morto.

Como mostro no livro, a história da Jihad na Índia foi especialmente sangrenta e especialmente violenta. Em certo ponto, na verdade, eles tiveram que lhes conceder o status de “pessoas honorárias do livro”, porque simplesmente não era possível matar todos eles. Mas, ainda assim, foram extraordinariamente severos, especialmente com os templos hindus. O Corão fala sobre proteger igrejas e sinagogas, porque o nome de Allah é falado ali. Isso era frequentemente honrado numa “brecha” da lei. Mas não havia qualquer proteção desse tipo concedida aos templos hindus. E milhares, dezenas de milhares deles foram destruídos. Um grande patrimônio da cultura humana foi perdido para sempre.

E no meio de tudo isso, você tem que esse é o Islã dominante. Há atores estatais fazendo isso. Primeiro Maomé unificou a Arábia. Depois os chamados califas “corretamente guiados”, os 4 sucessores de Maomé como líderes da comunidade islâmica, Abu Bakr, Umar, Uthman e Ali. E depois o califado Umayyad, o califado Abassid, o califado Otomano e alguns dos mais discrepantes, como o califado Umayyad de Córdoba, na Espanha e o califado xiita Fatimid, no Egito. Todos esses são estados islâmicos e todos realizaram jihad contra os não muçulmanos, com base no imperativo islâmico do Corão e da “Sunnah” (biografia de Maomé) para fazê-lo.

A diferença que temos hoje em dia, surgiu no início do século 20, porque o último califado, o Império Otomano, foi abolido pelo governo secular turco de Mustafa Kemal Ataturk, o fundador da Turquia moderna, em 1924. Ataturk não era admirado em qualquer aspecto. Ele foi tão brutal com as minorias religiosas, quanto os otomanos haviam sido, se não mais. Mas ele se opunha ao Islã político e foi único entre os líderes de estados islâmicos ao longo da história. Ele foi o primeiro a dizer que os problemas que estamos enfrentando vêm do Islã e o que temos de fazer é nos livrar do Islã o máximo que pudermos e então nosso país prosperará. E ele conscientemente modelou a Turquia de acordo com modelos seculares ocidentais de governo.

É claro que hoje em dia tudo isso está sendo revertido por Recep Tayyip Erdogan, o atual presidente da Turquia. Mas por quase 100 anos, a Turquia foi um estado secular, um estado relativamente secular, e o califado não existia mais.

Então, o que fizeram as pessoas que acreditavam que havia um imperativo islâmico de guerrear e subjugar os infiéis e que o Califa era a ponta dessa lança? O que eles fizeram quando não havia mais califas? Eles decidiram criar várias organizações internacionais, que trabalhariam para restaurar o Califado. A primeira dessas organizações foi fundada em 1928, a Irmandade Muçulmana. Hassan al-Banna, o fundador da Irmandade, deixou bem claro que o que ele pretendia fazer era criar um movimento que restauraria o califado e portanto, a unidade dos muçulmanos. E que, quando a unidade dos muçulmanos fosse reestabelecida, eles poderiam empreender novamente uma jihad ofensiva contra os Estados não muçulmanos.

Mas, enquanto isso, existe o conceito de jihad defensiva. Na teologia islâmica sunita, que representam 85% a 90% dos muçulmanos do mundo, o califa é o único autorizado a declarar a jihad ofensiva. E ele não está apenas autorizado. Ele tem a responsabilidade de fazer isso. Se não o fizer, pode ser destituído, com base nisso. Ele precisa declarar a jihad ofensiva regularmente contra estados não muçulmanos. Mas se não houver califa, não há jihad ofensiva.

Portanto, desde 1924, toda as Jihads têm sido defensivas. E você pode pensar, bem, isso é absurdo. O que houve de defensivo nos ataques de 11/09/2001 contra as torres gêmeas?

Se você ler os comunicados de Osama bin Laden, da década de 1990, ele cita uma longa lista de queixas, coisas terríveis que os americanos supostamente fizeram, que justificam a jihad defensiva contra os Estados Unidos. Mais notavelmente, a teologia islâmica sunita especifica que, se uma terra muçulmana for atacada, é responsabilidade de todos os muçulmanos, em todos os lugares, empreender a jihad, reconquistá-la e repelir os invasores. Na primeira guerra do Golfo, as tropas americanas entraram na Arábia Saudita e Osama bin Laden disse:

“Eles estão pisoteando o solo sagrado do reino dos dois lugares sagrados. Eles não têm nada que estar lá”.

Essa é uma invasão que desencadeia essa jihad defensiva. E o 11 de setembro foi uma jihad defensiva nesse sentido. Todas jihads tem sido “defensivas”. Todos os 30 mil ataques da jihad desde o 11 de setembro de 2001, em todo o mundo, todos eles são concebidos dessa forma. Se você ler os comunicados dos líderes da jihad, eles sempre apresentam queixas. Isso não se deve ao fato de serem inveterados chorões, embora sejam. É também porque eles têm de listar as queixas para justificar que o que estão fazendo é defensivo. Se não o fizerem, então não têm autorização para realizar a jihad.

Portanto, o que vemos nisso é que, embora haja uma descontinuidade no início do século 20 e não haja mais atores estatais que, pelo menos diretamente, declarem a jihad e a realizem, pode-se dizer que os sauditas certamente estavam gastando tantos bilhões de dólares para disseminar o islamismo “Wahhabita” pelo mundo e que isso é uma certa realização da jihad, tão inconfundível quanto qualquer invasão otomana de Viena ou da Europa Oriental em geral.

No entanto, o fato é que houve uma mudança com o fim do califado na abordagem de como a jihad era justificada. Mas a jihad não teve fim e, acima de tudo, não houve resistência interna.

Primeiro, temos a corrente principal do Islã realizando a jihad, porque temos os estados islâmicos do mundo realizando a jihad. O Império Mogol, na Índia, bem como os otomanos, Abássidas, os Umayyads e assim por diante. E então você tem jihadistas justificando o que estão fazendo, com base na jihad “defensiva”, um conceito dominante na lei islâmica dominante. Em nenhum momento da história você encontra que a jihad era apenas o domínio de uma minúscula minoria de extremistas, que estavam distorcendo e sequestrando os verdadeiros ensinamentos da fé pacífica. Isso nunca acontece em lugar algum. E se alguém contestar isso, eu pediria que especificasse quando e onde houve esse movimento islâmico contra a atividade da jihad, sob qual base teológica ele se desenvolveu e o que aconteceu com ele? Mas isso simplesmente não existe na história islâmica.

A segunda coisa que não se vê na história da jihad é qualquer trégua, qualquer pausa. Isso é algo que surpreende as pessoas.

Eu estava falando a um grupo maravilhoso, não muito tempo atrás e eles estavam muito bem informados, muito comprometidos, muito interessados, muito envolvidos. Eu mencionei de passagem esse fato, que nunca é comentado. As pessoas ficaram chocadas e disseram:

Espere um minuto. E a era da tolerância e do pluralismo na Andaluzia? E sobre a Espanha muçulmana? E sobre o paraíso da tolerância e do proto-multiculturalismo de que fala Maria Rosa Menocal em seu livro, “The Ornament of the World? Todos sabem que a Espanha muçulmana era um paraíso de coexistência, certo?

Bem, infelizmente, mais uma vez, esse é um mito histórico. Há muitas dessas coisas. O que tento fazer nesse livro foi, na verdade, derrubar alguns dos mitos históricos que as pessoas tomam como certos hoje em dia. E para fazer isso, voltei às fontes primárias, fontes que eram testemunhas oculares ou, em muitos casos, os historiadores da corte muçulmana. Os Mogóis, na Índia eram especialmente cuidadosos em sempre ter historiadores da corte. Esses caras que, na época, quando acontecia alguma coisa, eles escreviam sobre o evento dizendo:

“Como foi maravilhoso o fato de o imperador ter demolido 325 templos hindus. Ele pegou todo o ouro e o espalhou na frente da mesquita, para que as pessoas pisoteassem os ídolos ao entrarem na mesquita. Ele não é maravilhoso? “

Feliz Hindustão. Esta é uma citação. É verdade.

De qualquer forma, pessoas que acham que as táticas de terror islâmico são criações recentes, devem observar a realidade da Espanha muçulmana e, em particular, por exemplo, o governo da corte de um califa, Abd al-Rahman III. Essas são palavras do historiador muçulmano do século 11, Ibn Hayyan, de Córdoba. Ele diz que,

“Numa ocasião, Muhammad, um oficial de Abd al-Rahman III, pegou os 100 bárbaros mais importantes – que poderia ser vocês – porque havia muitos cristãos e os enviou a Alcazar de Córdoba, onde chegaram na sexta-feira, 2 de março de 939.

Mas como Abd al-Rahman estava de férias noutro lugar, eles os levaram para lá. E a chegada deles coincidiu com a saída das pessoas da mesquita nessa sexta-feira, à tarde, de modo que muitos se reuniram e os seguiram para ver que fim teriam os prisioneiros.

E acontece que Abd al-Rahman se instalou na sacada superior do balcão, por cima do pomar, de frente para o rio, para assistir à execução. Todos os prisioneiros, um a um, foram decapitados em sua presença, sob seus olhos, à vista do povo e seus sentimentos contra os infiéis foram aliviados por Allah.”

Veja, eles ficaram muito felizes ao ver isso. De fato, o Corão, lembrem-se, no capítulo, 9, verso 4, diz:

Combatam-nos e Allah aliviará o coração dos fiéis.

Portanto, se você estiver triste e deprimido, mate um infiel e você se sentirá melhor. Allah acalmará o peito dos fiéis ao fazerem isso, ao combater os infiéis. E isso é algo que você vê realmente se repetir ao longo da história islâmica. Cronistas islâmicos fazem referência a isso e levam muito a sério o fato de que, por meio desses atos de selvageria e violência, os muçulmanos são pacificados e alegrados em seus corações.

E, é claro, o exemplo mais notório de “tolerância e pluralismo” na Espanha muçulmana, foi em 1066, em Granada, onde havia um governante muçulmano que tinha um amigo judeu, que ele nomeou, essencialmente, como prefeito de Granada. Os muçulmanos locais ficaram furiosos, porque a lei islâmica especifica que um não muçulmano não deve ter autoridade sobre um muçulmano, especialmente um judeu. Então, havia um poeta muçulmano e ele escreveu um poema muito longo. Não vou ler tudo para vocês, mas este é o teor do poema.

“Voltem seus olhos para os judeus, que são cães rejeitados. Por que você seria diferente e os aproximaria quando em toda a terra eles são mantidos à distância? Eu vim morar em Granada e os vi bagunçando lá. Eles dividiram a cidade e as províncias com um de seus malditos homens em toda parte. Eles arrecadam todas as rendas, vestem-se com as melhores roupas enquanto vocês vestem as mais pobres. Portanto, apressem-se a matá-los como oferenda. Sacrifiquem-nos, pois eles são uma coisa preciosa. Não considere uma violação da fé matá-los. A violação da fé seria deixá-los continuar.”

4 mil judeus foram assassinados num “pogrom” em Granada depois que esse poema foi publicado. Portanto, essa foi uma reação direta ao governante muçulmano, que violou a lei islâmica ao nomear um judeu para ter autoridade sobre os muçulmanos. Portanto, essa era a Espanha muçulmana “tolerante e pluralista”.

O que se vê na história da jihad é que, onde quer que os muçulmanos tenham ido, houve entre eles jihadistas violentos, jihadistas que cometem atos de violência contra não muçulmanos. E eles nunca foram repreendidos ou refutados ou, de outra forma, contrariados por qualquer autoridade islâmica e muitas vezes, foram recompensados por isso.

Portanto, vemos essas duas coisas: que nunca houve qualquer resistência interna e nunca houve pausa. A violência contra infiéis é uma constante na história islâmica.

A terceira linha dourada que vemos da história da Jihad, é que não muçulmanos são frequentemente a melhor ajuda para a Jihad, que devia fazer soar a campainhas de alarme hoje.

Mas vejamos, por exemplo, a conquista da Espanha. Agora, a conquista da Espanha está envolta em lendas, Não estou garantindo a absoluta historicidade de qualquer uma delas. Mas essas lendas estão vivas entre o povo da Espanha até hoje. A história conta que havia um cristão, o conde Julian de Ceuta, que tinha uma filha linda e inteligente chamada Florinda. Ele a enviou para a corte de Roderick, o rei visigodo de Córdoba, que maltratou a moça. O grau de culpa da garota nisso é amplamente controverso nas lendas espanholas. Florinda ficou assim indignada. O conde Julian ficou ainda mais indignado e determinou que Roderick teria de pagar. Como ele poderia se vingar do rei da Espanha?

Então ele decidiu ir até Tariq ibn Ziyad, um governante muçulmano no norte da África e disse a ele:

 “Você quer invadir a Espanha”? E Tariq disse,

 “É claro, eu adoraria, mas toda vez que eles nos veem chegando em nossos barcos, suas defesas são preparadas e somos repelidos.”

Então ele disse:

“Eu tenho uma solução para isso. Eu lhes darei meus barcos e eles pensarão que sou eu e não haverá defesas.”

Assim, Tarik ibn Ziyad usou os barcos do conde Julian, atravessou o estreito e, uma vez na praia, ele queimou os barcos do conde Julian e disse a seus homens,

“Vamos tomar esta terra pelo tempo que for necessário ou vamos morrer aqui, mas não vamos voltar”.

Isso é digno de nota em termos de como é importante conhecer a história. Há alguns anos, houve uma grande controvérsia na área de Minneapolis sobre uma escola pública, que ensinava o Islã. De fato, de qualquer forma, eles eram todos muçulmanos. Mas era uma escola pública que recebia recursos públicos. Portanto, houve um pouco de controvérsia sobre ser uma escola pública e ser essencialmente uma “madrassa” (escola de ensino dos livros sagrados islâmicos). E o nome da escola, eu percebi e fiquei surpreso ao notar que ninguém parecia ter perguntado,

“Espere um minuto. Por que essa escola se chama Tariq ibn Ziyad Academy? Quem é Tariq ibn Ziyad?”

Ninguém parecia se importar. Ninguém nunca pesquisou. Até onde sei, nunca houve qualquer notícia na imprensa de Minneapolis sobre o assunto. Mas é preciso se perguntar: Por que uma escola em Minnesota daria o nome dessa figura a si mesma? Será que isso tem a ver com o fato de talvez ter os mesmos objetivos? Quero dizer, é por isso que ele é famoso. Ele é o grande conquistador da Espanha e conseguiu fazer isso por meio da ajuda desse cristão que estava furioso. Ele tinha suas próprias queixas. Não estou dizendo que suas queixas eram ilegítimas. Mas talvez ele não tenha contado com as consequências de que levaria 700 anos para desfazer o que fez.

Há muitos outros exemplos desse fato na história islâmica. Em 1345, o imperador bizantino John VI Kantakouzenos, estava em meio de uma disputa dinástica e convidou os otomanos para irem lutar contra seu rival e permitiu que eles entrassem no leste europeu para fazer isso. E, é claro, eles ainda estão lá. Os otomanos, em determinado momento, é claro, controlavam toda a Europa Oriental e agora eles têm apenas aquele pedacinho da Europa que é tão problemático porque lhes dá a pretensão de fazer parte da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e tudo o mais. A Turquia é isso.

Mas foi o imperador, John VI Kantokouzenos, que permitiu que os otomanos entrassem na Europa para resolver sua disputa dinástica. E não acho que ele esperava que eles simplesmente ficassem, mas provavelmente não estava pensando em toda a atividade da jihad ou a doutrina da jihad, embora fosse algo que ele e os outros imperadores de sua época, tivessem amplos motivos para saber tudo a respeito.

Vocês devem se lembrar que em 2006 o papa Bento XVI se envolveu numa grande polêmica e houve tumultos em todo o mundo porque ele citou um imperador bizantino, Manuel II Palaiologos, que disse:

“Não há nada de novo que Maomé tenha trazido, exceto o que é maligno e desumano”.

E isso, é claro, foi “terrível e islamofóbico”. Bento teve que se desculpar e pessoas inocentes foram mortas por aqueles que se opuseram ao fato de seu profeta ser chamado de maligno e desumano. E novamente ninguém aqui pareceu perguntar, espere um minuto, quem era esse Manuel II Palaiologos? Por que ele disse isso? Ele é uma das figuras trágicas deste livro. Você pode ler sobre como ele era essencialmente um vassalo do imperador otomano. Na verdade, o imperador otomano até o enviou para reprimir as revoltas de turcos e o mantinha prisioneiro na corte, onde era rotineiramente zombado, vilipendiado e ridicularizado.

Ele teve uma vida muito difícil, triste e trágica, indo também para a Europa quando era livre, tentando obter apoio para uma nova cruzada para fazer os otomanos recuarem e preservar o império bizantino, mas tudo isso fracassou. O império bizantino caiu. Constantinopla foi totalmente conquistada 9 anos após sua morte. Portanto, ele teve experiência diária direta do que estava falando. E isso me parece que deveria ter sido parte do debate quando a controvérsia sobre o discurso de Regensburg de Bento XVI estava em alta. Mas, novamente, ninguém parece ter qualquer interesse histórico.

Um último exemplo de não muçulmanos ajudando a jihad, foram os britânicos, é claro, que na última parte do século 18, viram surgir um reformador no Islã. Muitas pessoas me perguntam o tempo todo: Bem, quais são as chances de uma reforma? O que precisamos é de uma reforma islâmica. Outra coisa que você verá neste livro, na verdade, é que houve muitas reformas. Houve muitas reformas na história islâmica. Agora, o que importa é pensar sobre reforma. O que é reforma? Quer você seja católico, protestante, ortodoxo ou nenhuma das opções acima, as pessoas mais conhecidas como reformadores são aquelas que disseram:

 “Vamos nos livrar de todas as edições posteriores e voltar ao básico”.

Isso é o que os reformadores geralmente fazem em qualquer contexto. Assim, os Almohadas, que estavam entre os governantes da Espanha muçulmana, eram reformadores. E o sujeito que surgiu na Arábia no século 18, a quem me referi, Muhammad ibn Abd al-Wahhab, era um reformador. Ele começou a lutar contra os otomanos. Ele disse que eles não eram suficientemente islâmicos. Eles haviam se desviado do verdadeiro Islã. Ele iria restaurar o verdadeiro Islã. Ele começou a ganhar seguidores quando apedrejou pessoalmente uma adúltera até a morte, para mostrar o quão islâmico ele era. E ele conseguiu seguidores. Um dos principais seguidores que ele conseguiu logo no início foi um líder da Arábia chamado ibn Saud.

Ibn Saud e Muhammad ibn Abd al-Wahhab começaram a lutar uma jihad contra os otomanos e contra os outros governantes da Arábia. Eles começaram a ganhar um pouco de território e em meados do século 19, o movimento Wahhabita, o movimento saudita, chamou a atenção do império britânico, que estava em luta de várias centenas de anos contra os otomanos. Os otomanos, nessa época, tinham o apelido de “homens doentes da Europa”. E eles não eram realmente uma força formidável. Mas os britânicos queriam dar o golpe de misericórdia e pensaram que esse cara, Saud, esses sauditas, podiam ajudar. Então, começaram a financiá-los. Começaram a lhes dar dinheiro. E no final da Primeira Guerra Mundial, eles favoreceram os sauditas em detrimento dos hashemitas e outros, para obter o controle da Arábia e ajudar a estabelecer o reino da Arábia Saudita. É claro que o resto é história.

Os sauditas encontraram petróleo e eles usaram nosso dinheiro do petróleo para espalhar o Islã wahhabita pelo mundo. Essa ideia reformista do Islã que é ainda mais virulenta e violenta do que outras formas. Portanto, temos de agradecer aos britânicos por isso e por muitas outras coisas. Provavelmente, eles são, eu diria, os maiores responsáveis, além dos próprios sauditas, pela disseminação do islamismo wahhabita pelo mundo.

Quando os wahhabitas começaram a disseminar sua versão do Islã pelo mundo, havia muitas áreas em que a jihad estava essencialmente quieta. Isso não significa que tenha sido reformada ou rejeitada. Ela foi simplesmente ignorada. De fato, um dos panfletos que os sauditas distribuíram, foi chamado de “Jihad, a obrigação esquecida“. Eles queriam trazer tudo de volta e conseguiram. Portanto, podemos agradecer ao rei George, ou a quem quer que fosse naquela época, por esse cálculo maravilhoso.

Mas, é claro, em todos esses e tantos outros exemplos, eu poderia lhes dar, e talvez o mais doloroso, é George W. Bush, 6 dias depois do 11 de setembro de 2001.

Escrevi este livro, mais ou menos cronologicamente. Não costumo usualmente fazer isso, mas este foi um livro de, como eu disse no início, eu queria escrever este livro há muitos anos. Eu tinha todo esse material e simplesmente não tive a oportunidade de juntar tudo. Finalmente, tive a oportunidade no inverno passado, de juntar tudo e foi o que fiz. Comecei do início e fui até o fim, basicamente, na maior parte do tempo.

Então, o que aconteceu foi que cheguei ao 11 de setembro de 2001, depois de ter escrito 14 séculos de atividade da jihad e cheguei 6 dias depois do 11 de setembro, com tudo isso bem presente em minha mente, logo que tinha colocado tudo no papel.

E lá estava George W. Bush na mesquita, ao lado do Sr. Nihad Awad, da CAIR (Council on Americam-Islamic Relations), que é ligada ao Hamas e Irmandade Muçulmana e Abdur Rahman al-Moudi, do Conselho Muçulmano Americano, que agora está cumprindo 23 anos de prisão. Bem, sua sentença foi reduzida por Obama, mas ele foi condenado a 23 anos por financiar a Al Qaeda. E Bush fica ao lado deles na mesquita, em Washington e diz que “o Islã é uma religião de paz“. Isso realmente me impressionou depois de ler essa jihad ininterrupta, implacável, sem trégua, por 14 séculos, esse cara diz que o Islã é uma religião de paz.

Sabemos que ele tinha vários motivos políticos para fazer isso, coisas que achava que facilitariam as coisas para nossos aliados ou o que quer que fosse.. Mas George W. Bush estava, de maneira míope, na verdade, possibilitando a atividade da jihad ao impedir uma análise da ideologia motivadora que a alimenta. E ele estava fazendo isso com base em cálculos políticos de visão curta. Da mesma forma que o conde Julian fez, quando convidou Tariq ibn Ziyad para a Espanha. E da mesma forma que os britânicos, quando financiaram os wahabitas. E John VI Kantakouzenos fez, quando convidou os otomanos para lutar contra seu rival. Isso nunca acaba dando certo para os infiéis, porque os infiéis têm seus próprios objetivos imediatos.

Mas os jihadistas sempre têm o objetivo de estabelecer a lei islâmica no mundo e aproveitaram e têm aproveitado ao longo da história qualquer vantagem para fazer isso. Portanto, a história da jihad, creio eu, é um fato extraordinariamente importante para as pessoas, especialmente no governo e nas forças armadas, estarem cientes. Não se pode resolver o problema, a menos que se conheça exatamente as dimensões do problema em si. E é nesse ponto que temos falhado drástica e significativamente desde o 11 de setembro, especialmente com o advento de Obama e sua proibição de qualquer menção ao Islã e à Jihad e ao treinamento contra o terrorismo em 2011. Portanto, é imperativo que nos familiarizemos com essa história, que ponderemos cuidadosamente suas implicações para nossas posturas em relação a várias questões políticas atuais. Quero dizer, uma das mais óbvias, é claro, é a imigração, as proibições de viagens de Trump.

É realmente sensato trazer grandes populações muçulmanas para o país? Obviamente, nem todo muçulmano que trouxermos será um jihadista, mas entre eles haverá pessoas que acham que a Sharia (Lei Islâmica) deve ser a lei do país. Como isso vai funcionar em termos de uma sociedade tolerante e pluralista, quando você introduz essa força radicalmente intolerante? Outra é, obviamente, nossas alianças com Paquistão e Turquia, onde está muito claro que essas entidades estão agora do outro lado, se é que alguma vez não estiveram do outro lado. E será que é realmente prudente continuar despejando dinheiro nesses países, quando sabemos há mais de 10 anos, por exemplo, em relação ao Paquistão, que estão pegando uma grande parte do dinheiro e dando para pessoas que eles deveriam estar usando para combater.

Assim, precisamos, não apenas de uma reconfiguração de nossas alianças internacionais, mas também de uma reavaliação geral de nossa postura, é, claro, em última análise, em relação a países como a Arábia Saudita. É muito claro que o presidente está jogando um jogo muito delicado, um jogo perigoso, mas que provavelmente tem de ser jogado no trabalho com os sauditas contra o Irã. Ao mesmo tempo, temos de reconhecer que os sauditas, também, em última análise, só serão nossos amigos até certo ponto e que, depois disso, há o imperativo da jihad que se sobrepõe a qualquer possibilidade de uma duradoura e frutífera cooperação profunda. Mas nada disso pode acontecer, a menos que reconheçamos o problema.

Foi por causa disso que escrevi este livro. Espero que ele estimule a discussão sobre essas questões em lugares onde isso possa fazer a diferença.

Robert Spencer

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NOTA

O texto acima foi extraído das legendas deste vídeo publicado no Bitchute e no Youtube (neste link). O vídeo original foi publicado no Youtube em 2018.

Se depois de ler tudo o que está escrito acima ainda estiver com forças para conhecer um pouco mais sobre a Jihad, pode ler o artigo “Jihad: Luta pela causa de Allah”, no qual Peter Townsend explica o que ela realmente significa para os muçulmanos e também para os “infiéis”.

Luigi Benesilvi

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