Maomé transformou o ancestral tribalismo numa religião que afeta todo o mundo moderno – Raymond Ibrahim

(21/05/2025)

Apesar de sua aparência religiosa, o Islã pode ser facilmente definido e compreendido por uma palavra não religiosa:

TRIBALISMO.

Isso é fundamental.

Todo o apelo do chamado de Maomé aos árabes de sua época, estava em sua perfeita compatibilidade com seus costumes tribais. 3 costumes, em particular:

– Lealdade à própria tribo;

– Inimizade por outras tribos;

– Ataques a estas últimas para enriquecer e fortalecer a primeira.

Devemos lembrar aquilo que os muçulmanos acreditam é muito mais importante do que o que realmente aconteceu, mas que não pode ser provado de uma forma ou de outra.

De qualquer forma, para os árabes do século 7 e povos tribais e pastoris posteriores, como os turcos e tártaros ou mongóis, que também encontraram apelo natural nele e se converteram ao Islã, a tribo era o que a humanidade é para as pessoas modernas.

Fazer parte da tribo era ser tratado com humanidade. Estar fora da tribo era ser tratado de forma desumana. Ponto final.

Pode ser difícil para as pessoas modernas, que vivem no Ocidente, entenderem isso. Maomé reforçou essa antiga dicotomia do tribalismo, mas priorizando a religião em detrimento dos parentes. Assim, em sua “Constituição de Medina”, que ele promulgou com várias tribos não muçulmanas, em 622, ele declarou que

“Um fiel não deve matar um crente por causa de um infiel, nem deve ajudar um infiel contra um fiel.”

Além disso, todos os muçulmanos devem se tornar

“Amigos, um do outro, excluindo os de fora.”

Assim, a “Umma”, que muitas vezes é traduzida como “nação muçulmana”, nasceu. Etimologicamente ligada à palavra mãe, “Umm”. A Umma passou a significar a super tribo islâmica. Uma espécie de tribo universal, que transcende as barreiras raciais, nacionais e linguísticas, abrangendo todos e quaisquer que se identifiquem como muçulmanos e seus inimigos naturais continuaram sendo todos os que estão fora dela.

Novamente, esse é o tribalismo básico 1.0, embora, como mencionado, com uma cobertura ou verniz religioso. Ou considere a doutrina islâmica de

 “al-wala’ wa’l-bara'”

sobre a qual falo com frequência, que é traduzida como

“Lealdade e inimizade ou amor e ódio.”

Maomé pregou essa doutrina e o Corão a ordena.

Em conjunto, por exemplo, o Corão 58:22 conclama a todos os muçulmanos a renunciarem e repudiarem seus parentes não muçulmanos,

“Não encontrarás povo algum que creia em Allah e no Dia do Juízo final, que tenha relações com aqueles que contrariam Allah e o Seu Mensageiro, ainda que sejam seus pais ou seus filhos, seus irmãos ou parentes. Para aqueles, Allah lhes firmou a fé nos corações e os confortou com o Seu Espírito e os introduzirá em jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Allah se comprazerá com eles e eles se comprazerão n’Ele. Estes formam o partido de Allah. Acaso, não é certo que os que formam o partido de Allah serão os bem-aventurados?” – (Corão 58:22)

De qualquer forma, esse verso está se referindo a vários companheiros próximos de Maomé, que, de acordo com a história islâmica, renunciaram e, por fim, massacraram seus próprios parentes não muçulmanos como demonstração de lealdade a Allah, a Maomé e aos fiéis.

Um deles matou seu pai, outro seu irmão, um terceiro, Abu Bakr, o primeiro “Califa Justo”, tentou matar seu próprio filho e Umar, o segundo “Califa Justo”, massacrou vários de seus parentes.

Para saber mais sobre “al-wala’ wa’l-bara'” consulte minha tradução de 60 páginas do tratado do Dr. Ayman Al Zawahri sobre essa doutrina e no meu livro de 2007, “The Al Qaeda Reader”.

De qualquer forma, a partir daqui chegamos à origem natural da Jihad. Os laços de sangue tribalistas, foram trocados por laços religiosos, dividindo assim o mundo em 2 mega tribos,

Os crentes numa tenda e seus inimigos naturais, os não crentes ou infiéis, em outra.

E, como vimos, a essência do tribalismo, é atacar e saquear outras tribos para fortalecer a sua própria. Essa visão de mundo dicotomizada, está, na verdade, consagrada na lei islâmica ou Sharia, que determina que a “Dar al-Islam”, a casa do Islã ou o mundo do Islã, deve combater a “Dar al-Kufr”, a morada dos não Islâmicos, em perpetuidade, até que a primeira subjugue a segunda.

Por exemplo, na Enciclopédia do Islã, lemos no verbete sobre Jihad, que

“A disseminação do Islã pelas armas, é um dever religioso dos muçulmanos em geral. A Jihad deve continuar a ser feita, até que o mundo inteiro esteja sob o domínio do Islã. O Islã deve ser completamente dominador, antes que a doutrina da jihad possa ser eliminada.”

Em outras palavras, a doutrina da jihad, a guerra contra os outros, é tão essencial para o Islã, que, sem ela, o Islã deixa de existir. A apoteose ou deificação do tribalismo pelo Islã também explica por que outras sociedades tribais, além dos árabes, também gravitaram em torno dele e consideraram o Islã atraente.

Considere o épico mais antigo do povo turco, o “Livro de Dede Korkut”. Embora recém-convertidos ao Islã, os turcos desse épico se envolvem regularmente em práticas pagãs, proibidas pelo Islã. Eles comem carne de cavalo, bebem vinho e outras bebidas fermentadas e suas mulheres são, em comparação com mulheres muçulmanas, relativamente livres e independentes.

É somente no contexto de ataques ao outro, ao infiel, uma transição suave e fácil dos ataques ao forasteiro tribal, que o Islã finalmente se torna evidente em suas vidas. Aqui está, por exemplo, uma típica ostentação pré-batalha dos turcos da campanha, no épico

“Atacarei as terras dos sangrentos infiéis . Cortarei cabeças e derramarei sangue. Farei o infiel vomitar sangue. Trarei de volta escravos e moças escravas.”

Aqui está outro relato típico desses novos convertidos turcos, piedosos e explorados.

“Eles – os primeiros turcos convertidos – destruíram a igreja dos infiéis. Eles mataram seus sacerdotes e construíram uma mesquita no lugar dela. Fizeram com que o chamado para a oração fosse proclamado, fizeram que a invocação, ou Shahada, fosse recitada em nome de Allah, Todo-Poderoso. O melhor dos pássaros de caça, o mais puro dos materiais, a mais bela das moças. eles selecionaram.”

Além de atacar os outros, os infiéis, o que já era natural para os turcos pré-islâmicos, todo e qualquer aspecto não violento do Islã, jejum, caridade, peregrinação, está totalmente ausente da vida desses primeiros convertidos turcos, conforme retratado no livro de Dede Korkut.

Mesmo assim, os povos muçulmanos mais antigos, os árabes e os persas, elogiavam os novos convertidos simplesmente porque eles lutam no caminho de Allah, realizando a jihad contra os infiéis, para citar várias fontes.

Estarem comprometidos com a jihad, sempre foi um grande passo para exonerar o comportamento não islâmico dos muçulmanos, como se um grupo de muçulmanos estivesse dizendo:

“Bem, pelo menos eles estão fazendo a parte difícil, a guerra contra os infiéis, então vamos dar um desconto para eles”.

O mesmo aconteceu com os mongóis que adotaram o Islã, os tártaros. Como observou o frade dominicano Ricoldo, falecido em 1320, que passou cerca de uma década no mundo muçulmano, uma vez observou,

“Os tártaros adotaram o Islã porque era a religião mais fácil, já que o cristianismo era a mais difícil.”

Em outras palavras, enquanto o Islã complementava seu modo de vida tribal pré-existente, inclusive dando-lhes licença para atacar todos os forasteiros, o cristianismo apenas o desafiava.

Assim, a contribuição mais duradoura de Maomé para a história mundial, é que, ao reempacotar os costumes tribais da Arábia do século 7, por meio de um paradigma teológico, ele também deificou o tribalismo, numa espécie de zíper tribalismo, fazendo que ele superasse seu cenário histórico e dramaticamente se espalhasse pela era moderna.

Daí a notória resistência à assimilação dos muçulmanos no Ocidente, a criação de enclaves e zonas feudais proibidas na Europa e as constantes explosões de crimes de ódio e terrorismo.

Embora muitas civilizações do mundo tenham conseguido romper ou, pelo menos, moderar seu tribalismo histórico, isso não foi e não pode ser tão fácil com o Islã. Para os muçulmanos, romper com o tribalismo é romper com as leis de Allah. Leis que, como vimos, são lógicas e gratificantes, pelo menos de um ponto de vista primordial ou se preferir, primitivo.

Raymond Ibrahim

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NOTA

O texto acima foi extraído das legendas deste vídeo publicado no Youtube.

Luigi Benesilvi

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