A verdade incontestável – A imperiosa necessidade do uso desse conceito nos dias atuais – Luigi Benesilvi

(25/07/2025)

INCONTESTÁVEL: “Narrativa que não pode ser objeto de contestação, que não se pode pôr em dúvida ou em questão”.

Fiquei muito surpreso ao ouvir o experiente diretor do FBI, Kash Patel, afirmar categoricamente que Jeffrey Epstein cometeu suicídio”, o que o deixou em situação muito precária, com risco de perder o cargo.

Jeffrey Epstein foi encontrado morto, por enforcamento, em 2019, em sua cela na prisão de segurança máxima de Nova York. Ele estava aguardando julgamento por acusações de tráfico sexual de menores, tanto em seu avião, chamado “Lolita Express”, com sua chamada “Ilha da fantasia”, no Caribe.

Jornais noticiavam que diversas autoridades, políticos, artistas, nobres e ricaços teriam frequentado essa ilha, onde, dizem, havia frequentes orgias sexuais envolvendo jovens mulheres, além de outras práticas sexuais pervertidas.

Kash Patel não devia ter afirmado categoricamente que Epstein havia cometido suicídio, mas sim devia ter dito apenas que “as informações que temos em nosso poder atualmente indicam que Epstein pode ter cometido suicídio”.

Essa seria a verdade incontestável sobre o caso.

Faz muito tempo que aprendi essa prática de falar a verdade incontestável, indicando sempre o motivo e a fonte da informação ou opinião manifestadas.

Esse cuidado muito me ajudou no exercício de atividades gerenciais no serviço público, durante o qual assisti o declínio de diversos colegas por fazerem afirmações baseadas em informações obtidas de segunda mão, sem fazer essa referência.

Numa ocasião, ao reportar um caso de corrupção ocorrido numa das agências estaduais de nossa organização, um gerente de Brasília informou dados sobre o caso, numa reunião administrativa, dando detalhes e nomes de diversos envolvidos, que posteriormente vazaram para a imprensa, com sérias repercussões para os envolvidos e para ele próprio.

O problema é que ele não teve o cuidado de informar de onde ele havia obtido a informação. Devia ter mencionado que, “segundo relato preliminar do grupo que investiga o caso, houve recebimento de valores indevidos por diversas pessoas, com a possível conivência de funcionários da repartição”, sem revelar nomes de pessoas, pois o processo ainda não estava concluído.

Essa seria a verdade incontestável.

Outro exemplo:Se um alguém disser ter ocorrido um acidente na esquina, no qual duas pessoas ficaram feridas gravemente, ao passar adiante a informação, a maioria das pessoas simplesmente repetiriam o que ouviram, sem mencionar a fonte, dizendo: “houve um acidente na esquina no qual duas pessoas ficaram gravemente feridas”.

Esta afirmação não é uma verdade irredutível, pois não temos certeza se o acidente foi mesmo na esquina e tampouco a gravidade dos ferimentos. Sequer sabemos se a pessoa viu realmente o acidente ou está passando a informação adiante após tê-la ouvido de outra pessoa. A verdade incontestável seria dizer que “uma pessoa nos disse ter ocorrido um acidente na esquina, no qual duas pessoas ficaram feridas”.

Essa seria a verdade incontestável.

Muitas vezes assumimos como incontestáveis informações fornecidas por terceiros, sem confirmação e as passamos adiante até mesmo em documentos formais assinados. Pior que isto, muitas vezes passamos adiante informações completamente infundadas pela falta de citação da fonte e da forma como foi obtida. Por exemplo, é mais correto dizer “não recebi sua correspondência” do que “você não me enviou a correspondência, pois é possível que tenha sido realmente enviada e você ainda não a tenha recebido, por algum problema de transporte.

Uma segunda-feira pela manhã perguntei ao gerente de informática se os serviços programados para o fim de semana haviam sido executados em ordem e ele prontamente informou que sim.  Perguntado como sabia, disse não lhe haverem reportado anormalidade alguma, logo tudo tinha ocorrido de acordo com o previsto na sexta-feira.  Infelizmente nada tinha sido feito no fim de semana, pois ainda na sexta-feira à noite houve um problema insuperável na primeira rotina, tendo tudo sido cancelado e ninguém lembrou de registrar o evento e nem informar seus superiores.

Em administração a falta de notícias, infelizmente, não significa boas notícias.  Pelo contrário, quase sempre significa que um elo importante da supervisão falhou completamente e os serviços não foram feitos. A cadeia de comunicação gerencial é muito frágil e frequentemente falha, principalmente quando existem atrasos em cronogramas e as coisas não estão funcionando bem, pois temos a tendência de esperar até a conclusão satisfatória do projeto para informar seu andamento, na esperança de evitar aborrecimentos prematuros.

Ao preencher um relatório de atividades ou passar adiante uma informação devemos sempre citar a fonte, incluindo datas, horários, volumes e circunstâncias, sempre que possível. Mandar verificar o mesmo assunto por outra fonte é uma medida conveniente de cautela para assuntos de alta relevância.

Devemos desconfiar e não passar adiante informações genéricas, sem dados objetivos do tipo: tudo foi feito, o pedido foi atendido, realizado como sempre, o projeto foi concluído, etc.  Informações com dados materiais objetivos têm mais credibilidade.

Atualmente, com a facilidade de publicação de informações pelas redes sociais e blogs, temos visto muitas notícias falsas, as tais “fake news”, informando sobre acontecimentos inexistentes. Temos que ter mais cuidado ainda para não passar adiante informações falsas, que podem prejudicar pessoas e empresas.

Ficou até mais importante citar a fonte e, se possível, o link do jornal online ou blog de onde obteve a informação sobre a qual está fazendo comentários. Também é possível anexar a imagem da notícia. Colocar datas nos comentários também é uma ação conveniente. Às vezes republicam notícias antigas sem mencionar a data e muita gente acaba passando-as adiante como se fossem atuais.

Devemos evitar assumir como verdadeiras informações fornecidas por terceiros. É conveniente usar uma ferramenta de pesquisa, para verificar a fonte original ou alguma outra fonte, lembrando de citá-las em nossos comentários ou críticas.

O fato de ver a notícia num jornal tradicional ou no noticiário da televisão, não significa que a informação é verdadeira, pois geralmente são editadas, removendo partes contrárias à linha ideológica daquele meio de comunicação.

Luigi Benesilvi

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