O MITO DO ESPECIALISTA – Raffaello Fazzionni

(08/03/2021)

Repetidamente na televisão, em jornais, palestras ou mesmo em conversas entre amigos, nos deparamos com diversas opiniões dos ditos “especialistas”. Afinal, o que é um especialista? O que é necessário fazer para ser considerado um especialista?

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Hoje em dia é extremamente difícil de se encontrar uma definição. Vejamos o que diz o dicionário:

Especialista – substantivo de dois gêneros

  1. indivíduo que possui habilidades ou conhecimentos especiais ou excepcionais em determinada prática, atividade, ramo do saber, ocupação, profissão etc.
  2. aquele que possui uma profissão.

 Exemplo: “formou-se em radiotelefonia”

Parece bem claro. Qualquer pessoa que tenha uma profissão ou que tenha muita habilidade ou conhecimento em uma determinada área é especialista. Por que teríamos dúvida sobre isso?

A grande questão é quem determina o grau de habilidade necessário para ser esse tal “especialista”. Não existe um diploma formal de especialista. A grande mídia notoriamente usa esse termo para empurrar narrativas.

Um exemplo clássico, diz respeito ao controle de armas. As pessoas podem ser a favor ou contra venda de armas de forma legal, mas notaram que os especialistas escolhidos pela grande mídia são sempre contra? Para a grande mídia “especialista” é somente aquele que é a favor do desarmamento. Simplesmente ignoram qualquer opinião ou dado daqueles favoráveis a venda de armas legais. Um dos maiores conhecedores da área no Brasil, Bené Barbosa, autor do livro “Mentiram pra mim sobre o desarmamento” é constantemente ignorado pela grande mídia em debates sobre o assunto.

Constantemente a grande mídia consulta apenas os ditos especialistas que tem a mesma opinião. Tentam dizer que é um debate quando na verdade só tem uma opinião sendo discutida. Seja sobre liberação das drogas, desarmamento, aborto, racismo ou homofobia. Não existe debate, apenas bons amigos “especialistas” concordando com tudo.

Desenho de personagem de desenho animado Descrição gerada automaticamente

Outro truque utilizado nesse tipo de debate é fazer qualquer opinião dissidente parecer radical. Se é contra o desarmamento é porque é a favor da violência, se é contra o aborto é fanático religioso, se é contra casamento gay é homofóbico, se critica o islã é islamofóbico, se é contra imigração desenfreada é xenófobo, se é contra cotas raciais é racista, se é contra lockdown é negacionista, se é contra qualquer coisa que digam é terraplanista…

Quando em um debate uma pessoa precisa mostrar seu título de especialista utilizando frases como “eu trabalho na área”, “eu sou especialista no assunto”, “eu tenho mestrado”, “eu tenho doutorado”, “eu sou médico”, “eu sou cientista”, “eu sou advogado”, “não sou de direita nem de esquerda”, na verdade está admitindo que perdeu o debate. Desistiu de argumentar e está utilizando apenas uma cartada de autoridade, tentando se mostrar superior. Esse tipo de pessoa acredita que não precisa debater ideias, rebater argumentos, nem apresentar argumentos lógicos, números ou dados. Querem te convencer ou te calar com um título. Normalmente acreditam ser seres superiores e iluminados e que os demais lhe devem submissão, tem enorme dificuldade com o contraditório e com críticas. 

Em suma, título de especialista constantemente utilizado, em minha humilde opinião, não tem mais valor prático, visto que qualquer pessoa pode se dizer especialista sem ser refutado. Cabe a cada indivíduo perceber a fraude. Deve-se focar nos argumentos, nos dados, nos números, no raciocínio lógico e principalmente nos fatos, de modo a não ficar na dependência de opiniões e narrativas desses falsos especialistas.

Raffaello Fazzionni

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