O Que a Esquerda Não Entende Sobre o Islã – Daniel Greenfield
(27/03/2018)
Por dentro da fatídica aliança profana.
A esquerda nunca se adaptou bem nas transições entre guerras nacionalistas e guerras ideológicas.
Levou muito tempo para a esquerda entender que o nazismo era um inimigo fundamentalmente diferente do que fora o Kaiser e que fingir que a Segunda Guerra Mundial era apenas mais uma guerra que beneficiava os colonialistas e os vendedores de armas foi um comportamento de iludidos lunáticos.
Mesmo assim, a maioria dos esquerdistas insistiu em abordar aquela guerra justamente daquele jeito e se Hitler não tivesse atacado Stálin, eles teriam permanecido encalhados naquela abordagem.
Durante a Guerra Fria foi ainda pior. A esquerda nunca entendeu o comunismo. Dos julgamentos de Moscou até a queda do muro de Berlin, a esquerda moderada desvencilhou-se da União Soviética, mas se recusava a vê-la além de ser uma ditadura desajeitada.
A única coisa que a esquerda pode rejeitar da União Soviética foi pela visão ideológica, tratando-a como uma tirania retrógrada russa, sendo desnecessariamente provocada e empurrada de lá para cá pela Europa Ocidental e Estados Unidos.
Tendo falhado duas vezes no mesmo tipo de teste, não é de estranhar que a esquerda tenha sido incapaz de entender o Islã e que insista que, assim como a Alemanha e a União Soviética, o mundo islâmico é apenas mais uma vítima do imperialismo e dos provocadores de guerras, que precisa de apoio e encorajamento das alas progressistas ocidentais.
Essa visão pacifista do mundo está várias gerações desatualizada. Está enredada em análises desatualizadas de conflitos imperialistas que deixaram de ser relevantes com a queda do nacionalismo, agora substituído por organizações internacionais e causas baseadas em ideologias.
O nazismo podia ainda caber folgadamente no conceito de estado nacionalista. O comunismo foi outra criatura inteiramente diferente, um vírus vermelho flutuando ao redor do mundo, infiltrando suas ideias em organizações e usando-as para dominar nações.
O Islã é ainda mais incontrolável do que o comunismo. Com origem em poderosas nações petrolíferas, pode emergir em qualquer lugar do mundo. Seus proponentes têm menos dependência do estado nacionalista do que os comunistas têm.
O que eles querem é a criação de um Califado, governado pela Lei Islâmica; uma única organização permeando nações, regiões e finalmente todo o mundo.
A esquerda é incapaz de encarar o islamismo como uma ideologia, em vez disso ela reduz o conflito a uma confrontação entre forças colonialistas e anticolonialistas, mostrando mais uma vez que a visão das esquerdas está pelo menos cinquenta anos desatualizada.
Visualizar os conflitos colonialistas sobre um mapa de Mali, onde as forças anticolonialistas estão representadas pelos escravagistas Tuaregues, Árabes e jihadistas paquistaneses invadindo aquela nação africana, faz pouco sentido, mas essa é a maneira pela qual a esquerda usualmente faz suas abordagens.
A resposta da esquerda ao confronto de civilizações têm sido a inclusão dos islamistas na coalização do arco-íris de minorias, gays, ideologia de gênero, miseráveis do terceiro mundo, transexuais, artistas, poetas, prostitutas e terroristas; sem considerar o que os islamistas são ou como eles se encaixam nesse charmoso círculo.
A visão da esquerda é que o islamismo é apenas mais um grupo que pode ser usado. Os muçulmanos vêm a esquerda da mesma forma e o Irã, Egito e Tunísia têm um registro melhor de como tirar o máximo proveito dos esquerdistas. Mas a esquerda nunca aprende com a história.
Ela nunca questiona sua desfocada visão desatualizada do marxismo dos eventos ou se dá conta que a revolução industrial, campesinos feudais e banqueiros não são metáforas a serem usadas em quaisquer lutas travadas em todos os lugares do mundo. E então a esquerda condena a si própria a repetir de novo e novamente a história que ela mesma se recusa a aprender.
Em vez de lidar com o islamismo, a esquerda persiste no engajamento em lutas fantasmas contra o nacionalismo, capitalismo, militarismo, colonialismo e imperialismo; todas essas coisas estão próximas da extinção em suas esferas de influência.
A esquerda está muito ocupada combatendo em pequenas guerras civis para enxergar que se ela quiser sobreviver, terá que lutar uma guerra global. Fiel à sua natureza, ela está determinada a digerir o ocidente antes de estar pronta a defendê-lo e, quando terminar de digerir o ocidente, com ajuda dos aliados muçulmanos, a guerra estará terminada e a esquerda perderá mais uma guerra, pela última vez.
A esquerda está desviada por sua própria concepção da história, de ser como uma esteira, movendo-se em repetitivos estágios históricos, em vez de confusas e caóticas forças em frenéticas colisões.
Pelo entendimento progressivo da história, forças progressistas derrotam as forças reacionárias e a humanidade avança para o próximo estágio. Não há lugar nessa evolução ordenada para o violento caos do islamismo e suas ressurgentes forças tribais, ressentimentos étnicos e intolerância religiosa, num movimento global que é em cada detalhe, completamente fanático e determinado a obter pela força sua própria visão da nova ordem mundial.
Na perspectiva progressista da história, como sendo um processo evolucionário, o fanatismo tribal islâmico ainda estaria em seus estágios iniciais para representar uma ameaça para a esquerda.
O socialismo precisa combater o industrialismo em seus estágios passados, com cada geração avançando para o futuro pela destruição das conquistas das gerações anteriores, numa espécie de um verdadeiro canibalismo histórico. A esquerda teme ser tragada para trás pelo capitalismo, mas não pelo islamismo. Ela não acredita que valores de sétimo século possam competir com ela, mas somente que valores do século dezenove podem ameaçá-la.
Enquanto a esquerda enxerga a si própria como progressista e ao islamismo como reacionário, é a esquerda que tem dificuldade em adaptar-se a novos ambientes, enquanto os islamistas têm encarado com grande sucesso em tudo o que acontece desde a guerra fria até a queda da União Soviética, do surgimento de organismos internacionais e até mesmo da guerra ao terror e explora cada um desses eventos para suas próprias finalidades.
Neste novo século, os islamistas têm cavalgado os esquerdistas até a linha de chegada, sem que os pobres esquerdistas se deem conta de estarem sendo cavalgados.
A esquerda vive numa bolha intelectual que ela própria construiu. Ela transforma essa bolha num lugar elaborado, mobília o interior até que fique parecido com uma miniatura do mundo, mas a bolha não se transforma no mundo real, ela sempre será uma bolha.
Presa dentro da bolha, a esquerda não consegue enxergar que o mundo está indo para trás, não para frente e que o século 21 é na realidade o século sétimo e que o futuro será o passado.
Os islâmicos enxergam isso muito bem. A esquerda não consegue enxergar.
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Texto publicado originalmente em 14 de fevereiro de 2013 no site:
https://www.frontpagemag.com/fpm/177789/what-left-does-not-understand-about-islam-daniel-greenfield
Republicado em 22 de março de 2018 no site:
http://www.neveragaincanada.ca/left-not-understand-islam/
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Olá Daniel, penso que sua interpretação do movimento ideológico da esquerda se aplica apenas aos adeptos de menor expressão deste movimento, apesar deles serem a sua grande massa de manobra, pois nunca os líderes do Partido se iludiram quanto aos seus “companheiros de luta”, mas sim os usaram com o máximo de maestria que dispunham, para fazer o serviço de “limpar o terreno” para seu deleite final e amealhamento dos despojos, quando já não os convinha como companheiros, sendo estes logo descartados.
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