Uma Breve Biografia de Maomé – William DiPuccio, Ph.D

“Vocês têm certamente no Mensageiro de Allah um belo exemplo (de conduta) para qualquer um cujas esperanças estão em Allah e no Dia Final e que se engajam muito no Louvor de Allah” – Corão 33:21

Biografia de Maomé 1

 1 – A AUTORIDADE DE MAOMÉ

Com mais de 1,6 bilhão de seguidores, o Islã é a segunda maior religião do mundo. Nos últimos 1400 anos, poucos líderes religiosos e políticos influenciaram o curso da história mais do que Maomé, o Profeta do Islã.

O Islã tradicional ensina que o Islã é a primeira e a final revelação de Deus para a humanidade. Adão seria muçulmano, Abrahão seria muçulmano, Moisés seria muçulmano, Jesus seria muçulmano. Maomé seria o último Profeta de Deus, suplantando Jesus e todos os outros profetas.

Alguns muçulmanos podem disputar certas interpretações do Corão, mas para a vasta maioria dos muçulmanos, o exemplo e ensinamentos, a “Sunna”  de Maomé são supremas.

Tudo o que ele fez, falou ou permitiu deve ser emulado e tudo o que ele proibiu não pode ser permitido. Em toda a história dos muçulmanos, a “Sunna” tem sido o fundamento da Lei Islâmica, chamada “Sharia“.

Como existe pouca informação direta sobre Maomé no Corão, os muçulmanos usam as “tradições” ou “hadiths”, que têm sido interpretadas e aceitas pelo consenso dos eruditos muçulmanos.

A maioria dessas tradições foram passadas primeiro oralmente e depois foram colecionadas e registradas por gerações posteriores.

Biografia de Maomé 2Tudo o que sabemos sobre Maomé vem de fontes islâmicas. Não existem fontes de primeira mão sobre a vida dele e seus ensinamentos que tenham chegado a nós por fontes não muçulmanas.

As biografias mais antigas são datadas de cerca de um século depois da morte de Maomé, mas foram perdidas A mais antiga biografia ainda existente, escrita por Ibn Ishaq, foi escrita cerca de 150 anos depois da morte de Maomé, que aconteceu em 632 depois de Cristo, mas parece que incorporou material mais antigo.

Uma grande coleção de tradições conhecidas no Islãsunita” como “Os Seis Livros Verdadeiros” foram publicadas cerca de 250 anos depois da morte de Maomé. Essa distância histórica projeta algumas dúvidas a confiabilidade dessas narrativas que, como as evidências mostram, foram algumas vezes enfeitadas ou distorcidas por razões políticas ou religiosas.

Eruditos islâmicos catalogaram cuidadosamente ensinamentos e exemplos passados por Maomé, inclusive minúcias tais como sua higiene pessoal, roupas, vida sexual, dieta e hábitos pessoais.

Grupos de muçulmanos, tais como os Wahabitas, originados na Arábia Saudita e os Salafitas ou tradicionalistas, estudaram todos os aspectos da vida de Maomé, para poderem imitar os exemplos dele. Ambos os grupos têm muitos seguidores em todo o mundo e serviram algumas vezes como incubadores de terrorismo.

Muitos muçulmanos nunca estudaram a vida de Maomé detalhadamente e podem estar familiarizados apenas com as virtudes dele, permanecendo ignorantes de suas imperfeições.

Alguns muçulmanos, especialmente aqui nos Estados Unidos, acreditam que uma estrita imitação da vida dele não é essencial para ser um muçulmano devoto.

2 – DE PACÍFICA PERSUASÃO A VIOLENTO EXTREMISMO

Em 9 de setembro de 2001 ocorreu o maior ataque terrorista da história, que matou quase 3 mil vidas americanas. Desde então, terroristas cometeram dezenas de milhares de atos violentos em nome do Islã e assim mesmo muitos muçulmanos apregoam que o Islã é uma religião de paz.

Biografia de Maomé 4Como podem essas visões opostas do Islã serem reconciliadas? A resposta está na própria vida de Maomé. De certa forma Maomé foi uma figura trágica. Acreditando sinceramente que Allah é o único deus verdadeiro, o ardoroso desejo dele foi liderar seu povo fora da idolatria e trazê-lo para o monoteísmo.

A mensagem dele foi proferida de forma pacifica e não violenta no início, mas terminou em violência e conquistas militares, ameaças e assassinatos.

Nascido em Mecca em 570 Depois de Cristo, poucos detalhes são conhecidos sobre a vida inicial de Maomé. Na idade de 25 ele casou com sua rica e mais velha prima distante, Khadija. Com o apoio moral e financeiro dela. ele começa a viver uma vida contemplativa, em busca pela verdade.

Periodicamente se retirava para lugares solitários próximos a Mecca, para meditar. 15 anos depois ele disse ter recebido a primeira revelação. trazida pelo anjo Gabriel.

Dois ou três anos depois, na idade de 43 anos, Maomé começou sua pregação religiosa contra a idolatria em Mecca. O tom de tolerância dele está refletido em alguns versos iniciais do Corão, tal como o 109:6

 “Você pode ter sua religião e eu posso ter a minha religião”

Mas esses versos foram mais tarde ab-rogados. Foram suplantados por novas revelações, com algumas delas advogando o uso da força.

Dois anos depois de começar a pregar em Mecca, Maomé e seus seguidores começaram a ser perseguidos. O pequeno bando de muçulmanos foi segregado dos negócios em Mecca e levado à beira miséria.

Vários anos depois, na idade de 53 anos, eles deixaram Mecca e foram para Medina, o que foi conhecido como “hijra” ou emigração. Esse evento tornou-se um ponto de inflexão na história islâmica e marca o ano um do calendário islâmico.

Vemos uma grande mudança no comportamento no Islã e no seu fundador. Depois da “hijra” para Medina, Maomé tornou-se um líder político e militar. Versos do Corão tomaram tom mais autoritário, quando mudaram da teologia para a legislação.

Biografia de Maomé 5Obediência restrita é exigida por ameaças de punições. Maomé começa a retribuir o mau tratamento que sofreu por parte dos Meccanos, lançando uma série de ataques espontâneos às caravanas deles, que culminou na “Batalha de Badr”.

Embora em inferioridade numérica, os Muçulmanos derrotaram os Meccanos. Maomé e seus seguidores viram nisso um sinal de favor divino. Maomé também assassinou alguns inimigos, sem respeitar idade ou sexo.

De acordo com as biografias mais antigas, uma mulher poeta que zombou dele, Azma Bint Marwan, foi assassinada em sua cama, enquanto dormia com seus cinco filhos. Ele próprio nunca praticou os assassinatos. Ele simplesmente dizia a seus homens: “Quem vai livrar-me dessa pessoa”? Havia sempre voluntários que davam um passo à frente.

Execuções bárbaras e punições também eram praticadas, com aprovação de Maomé ou por ordens diretas dele. Isso inclui amputações, crucificações, arrancar olhos e até retalhar uma mulher velha em duas partes.

Com remorso talvez da crueldade de algumas de suas ações, Maomé limitou futuras punições somente a amputações e crucificações. Essas punições estão escritas no Corão e na Lei Islâmica “Sharia”, contra assaltantes de viajantes e para quem é acusado de causar desordens na localidade. (Corão 5:33)

Torturas eram praticadas em alguns casos. Maomé mandou torturar o líder judeu Kenana, para ele revelar o esconderijo do tesouro da cidade. Depois de decapitá-lo, Maomé casou com a viúva de Kenana.

Biografia de Maomé 41Maomé, nisso, foi um homem de seu tempo. O uso da força era prática em sua cultura. Ele trouxe reformas, em muitos aspectos da vida árabe. Mas o uso da violência para expansão da causa religiosa é o que o separa de outras figuras religiosas como Jesus, Buda e Ghandi.

O uso de violência por Maomé continua a influenciar clérigos, grupos e nações, que aderem fielmente a tradicionais crenças islâmicas, a despeito de objeções de eruditos muçulmanos mais progressistas, especialmente no Ocidente.

O exemplo de Maomé é citado como justificativa para praticar a violência pela causa do Islã

3 – MAGNANIMIDADE, GENEROSIDADE E MISERICÓRDIA

Em paralelo a seu uso da violência, Maomé também era excepcional em atos de bondade pessoal, que lhe valeram a admiração de seus amigos e inimigos e atraíram numerosos convertidos.

Esse aspecto de seu caráter é frequentemente obscurecido por suas conquistas militares e vinganças pessoais. Todavia, Maomé foi amado e estimado tanto quanto era temido. Por isso, os muçulmanos ainda o vêm assim como um modelo de virtude.

Esse é um tópico tratado com grande relevância por apologistas muçulmanos, mas raramente mencionado por muitos de seus críticos. O assunto tornou-se altamente polarizado assim, Maomé ou é todo bom ou é todo mau.

Revisionistas da história de Maomé o descrevem como um tipo de figura de Jesus. Essa abordagem é especialmente atraente para os ocidentais, mas não é tão atraente para eruditos, que estudaram a vida dele em detalhes.

 Assim mesmo, para algumas das histórias de Maomé que chegam até nós, é difícil não admirar sua preocupação pessoal, bondade pelo bem-estar daqueles que o seguiam.

De acordo com uma história, na idade de 35 anos, antes do início de sua pregação, Maomé resolveu uma aguda e potencialmente violenta disputa entre tribos árabes, referente à localização da sagrada “Pedra Negra”, durante a reconstrução do tempo de Mecca, a “Caaba“.

Cada uma das tribos queria ter a honra de recolocar a pedra em seu lugar. Maomé satisfez as partes em disputa, colocando a pedra num manto. Isso permitiu ao líder de cada tribo, de compartilhar a honra de levantá-la, pegando uma das pontas do manto.

Biografia de Maomé 6Nesse mesmo ano, Maomé adotou e libertou o menino Zayed, escravo da esposa dele. Essa generosidade durou todo o seu ministério. Maomé era conhecido por ser bondoso e generoso para os pobres e necessitados. Em muitas formas ele defendia a causa deles.

Ele também acabou com a cruel prática do infanticídio de meninas, que permitia que bebês indesejados do sexo feminino pudessem ser enterrados vivos nas areias do deserto.

Logo que Maomé chegou à Medina, quando tinha 53 anos de idade, celebrou tratados com judeus e pagãos árabes, para garantir a segurança da comunidade muçulmana.

Conhecida como a “Carta” ou “Constituição” de Medina, esse contrato social garantiu, apenas por breve tempo, os mesmos direitos políticos e culturais, para os muçulmanos e não muçulmanos e concedeu liberdade religiosa para todos.

Depois de derrotar seus inimigos em Mecca, com a idade de 60 anos, Maomé concedeu anistia geral e perdoou alguns de seus inimigos pessoais. A anistia também foi dada a outras tribos, tão logo a lealdade delas foi assegurada.

Para terminar com rivalidades tribais e disputas sangrentas, ele uniu todos os árabes numa única comunidade e nação, unidas pela fé em vez de sangue. Em pelo menos uma ocasião, Maomé reagiu contra o uso de força excessiva. Foi depois que um de seus generais massacrou os homens da tribo Jazama. Maomé deplorou o massacre e compensou as viúvas e órfãos da tribo.

Depois de estabelecer seu poder na Arábia, Maomé criou um sistema de coleta de tributos, no qual uma parte do dinheiro dos tributos, chamado “zakat”, era destinado a muçulmanos pobres. O “zakat” é ainda coletado atualmente. (Corão 2:215)

Biografia de Maomé 7No sermão de despedida dele, com a idade de 62 anos, Maomé encorajou a igualdade e um tratamento bondoso para esposas e escravos. Ele próprio demostrou isso, ajudando-os em suas tarefas diárias. Não havia tarefas muito humildes na visão dele.

Ele escolheu viver em relativas e modestas circunstâncias e não num palácio como um rei. Um pouco antes de morrer, ainda penalizado pelos menos afortunados, Maomé ordenou que 6 moedas de ouro, que ele tinha em suas acomodações, fossem dadas aos pobres

4 – JIHAD (GUERRA SANTA) PELA CAUSA DO ISLÃ

A “Jihad”, que significa “fazer esforços”, é parte da essência do Islã. Maomé via o Islã como um esforço espiritual contra o pecado. Um combate político e físico contra quem impede ou persegue muçulmanos e um combate militar contra tribos e nações que se recusam a submeter-se ao Islã.

A doutrina islâmica da guerra evoluiu desde a luta de Maomé contra árabes, judeus e cristãos e mudou de um espiritual e profético conflito, para um conflito militar.

Com a idade de 53 anos, um pouco depois da migração para Medina, Maomé comandou numerosos ataques contra caravanas de Mecca. Isso era visto como uma retribuição divina contra os meccanos, pela perseguição aos muçulmanos, o confisco de suas propriedades depois que eles deixaram Mecca e a rejeição do deus do profeta.

A justificativa religiosa para guerra aconteceu realmente com o sétimo ataque, que ocorreu durante o mês sagrado, quando os combates eram proibidos. De acordo com o Corão, mesmo que combater no mês sagrado é maligno no final, até encoraja os muçulmanos a lutarem a “guerra santa”, porque a causa contra seus perseguidores era justa. Descrença e perseguição, de acordo com o Corão, são piores do que matar. (Corão 2:217)

Biografia de Maomé 8Sete anos depois, com a idade de 60 anos, Maomé assumiu o controle de Mecca. Enfraquecidos e divididos em suas alianças, os meccanos não foram páreo para o exército de 10 mil soldados de Maomé.

Maomé purifica o templo de Mecca a “Caaba”, com a destruição de seus 360 ídolos, assim como imagens de Abrahão e dos Anjos. Os meccanos foram obrigados pela impressionante demonstração de força a declarar sua fidelidade a Maomé e ao Islã.

Finalmente, pouco depois da morte de Maomé, na idade de 62 anos, forças muçulmanas executaram sua ordem final e completamente saquearam e destruíram a cidade de Mutah, para vingar o assassinato de um mensageiro muçulmano.

No total, Maomé participou entre 27 e 29 batalhas durante toda a sua vida. Essas batalhas foram descritas por historiadores muçulmanos antigos. Maomé raramente lutou nessas batalhas ele próprio, todavia, ele foi um astuto militar e político estrategista.

Muitas batalhas não foram conduzidas em autodefesa, como alguns apologistas do Islã argumentam, ao contrário, a guerra tornou-se um instrumento para propagação do Islã entre os idólatras árabes, que recusavam o convite de Maomé para converterem-se. (Corão 2:190-193; 9:29,36)

Gerações posteriores seguiram muito similar procedimento, resultando na expansão do império islâmico, estendendo-se desde a Europa até a Índia. O legado da Jihad continuou hoje por todo o mundo. Por meio de bem financiadas milícias islâmicas e grupos terroristas, cuja meta final, em muitos casos, é estabelecer nações islâmicas, governadas por um Califa, que é um sucessor de Maomé.

Entretanto, nem todos os eruditos muçulmanos reconhecem a legitimidade desses grupos. Seguindo o exemplo de Maomé, grupos terroristas, às vezes atingem também outras facções islâmicas, que eles veem como heréticas, numa tentativa de purificar o Islã. (Corão 4:88-89)

Não muçulmanos são atacados como parte de uma estratégia de longo prazo de intimidar e finalmente subjugar nações ocidentais, mas também como retaliação por interferências políticas e militares pelo ocidente em países muçulmanos e em defesa do Islã, que eles acreditam estar sob ataque do ocidente.

Biografia de Maomé 9Tentativas de terroristas para justificar uma consistente política de atacar civis desarmados, especialmente mulheres e crianças, apelando para o exemplo de Maomé, são rejeitadas por muitos eruditos muçulmanos.

Finalmente, muitos eruditos muçulmanos, especialmente em países muçulmanos, continuam a promover a doutrina e teologia da Jihad, ensinadas por Maomé. (Corão 2:190)

Isso está disseminado em comentário no Corão, traduzido em diferentes idiomas, em numerosos artigos e publicações, nas mesquitas espalhadas pelo mundo e por meio de proeminentes escolas islâmicas e universidades.

5 – JUDEUS, CRISTÃOS E PAGÃOS SOB O ISLÃ

 Durante quase toda a história islâmica e mesmo hoje, em algum grau, o tratamento de não muçulmanos, que vivem sob governos islâmicos, foi estabelecido pelo exemplo de Maomé.

Depois da conquista do rico oásis de Khaybar, na idade de 58 anos, judeus que recusaram o convite ao Islã, podem ficar na localidade, somente se aceitarem as leis muçulmanas e pagarem um tributo anual (ou taxa de proteção), chamada “Jizya”, que neste caso somava 50% de suas colheitas. Procedimento similar foi seguido em quase todas as guerras contra judeus, cristãos, em toda a história.

Cerca de um ano depois de conquistar Mecca, onde ele compeliu os idólatras meccanos a jurarem fidelidade ao Islã, Maomé declarou que a idolatria não mais seria tolerada em toda a Arábia. Depois de um período de 4 meses de tolerância, quem persistisse seria assassinado.

Cristãos e Judeus por outro lado, seriam subjugados pela força, se necessário, e assim como antes, teriam que pagar a taxa da “Jizya”. Como “Dhimmis”, sob o Islã, seus direitos religiosos e pessoais seriam limitados. Esse ultimatum está estabelecido na Sura 9, o capítulo 9 do Corão.

O verso 29 orienta os muçulmanos a lutarem contra aqueles que não acreditam em Allah nem no “Último Dia” e nem proíbem o que foi proibido por Allah e seu Mensageiro e a combater aqueles que não conhecem a religião da Verdade, que é o Islã.

Entre o “Povo das Escrituras” (judeus e cristãos) até que paguem a “jizya” (a taxa de “proteção”), com submissão voluntária e se sintam subjugados. O período de tolerância tendo terminado, os pagãos no sétimo século da Arábia, foram forçados a aceitar o Islã ou morrer.

Através da história, o precedente de Maomé, foi aplicado a outros politeístas, tal como aos hindus, mesmo que não de forma permanente. Em alguns casos, o politeísmo era tolerado sob governos muçulmanos em outros casos não. Todavia, dezenas de milhões de hindus foram mortos na Índia, durante o período inicial da idade média, sob o governo muçulmano.

O “Povo da Bíblia” (cristãos e judeus) eram usualmente tolerados desde que pagassem a “Jizya” e se humilhassem diante de seus conquistadores muçulmanos.

Biografia de Maomé DhimmiAssim mesmo, Maomé, pouco antes de morrer, ainda lamentava de que ambos, cristãos e judeus rejeitassem seus clamores proféticos e amaldiçoou ambos. De acordo com os historiadores muçulmanos, Ibn Sa’ad e Ibn Kathir, ele disse:

“Ó Senhor, destrua os judeus e os cristãos”

Ensinamentos tradicionais islâmicos mantém que o destino do Islã é governar todo o mundo. No final dos tempos, quando Jesus retornar e o Mahdi, o Messias muçulmano aparecer, todos os outros sistemas de crenças serão destruídos e todos serão forçados a se submeterem ao governo de Allah.

Embora países muçulmanos, com raras exceções, não mais imponham a taxa de “Jizya” para não muçulmanos, o tratamento discriminatório e perseguições a esses grupos, especialmente aos cristãos, ainda ocorre atualmente em partes do mundo muçulmano

6 – AS RAÍZES DO ÓDIO AOS JUDEUS

As tribos de judeus da Arábia tiveram papel pivotal na formação do Islã. O Corão adaptou numerosas crenças, histórias, leis e rituais dos primeiros cinco livros do Velhos Testamento, chamado de “Torá” ou Lei, assim como interpretações rabínicas e legendas encontradas no “Talmud”.

As relações de Maomé com judeus de seus dias tornaram-se modelo em toda a história subsequente. A missão de Maomé, como ele pensava, era chamar os árabes, judeus e cristãos de volta ao verdadeiro monoteísmo. Esse monoteísmo, acreditava ele, existia antes das distorções e más interpretações, propagadas depois por esses grupos. (Corão 29:46-47)

Embora ele tivesse contato limitado com cristãos, havia muitas tribos judaicas vivendo na Arábia naquele tempo. Esses judeus queriam negociar com ele e entrar em acordo com ele, para defenderem-se de agressores, mas as crenças deles estavam fora disso.

Isso tornou-se a fonte de um profundo e duradouro conflito que persiste até hoje. Desde a apresentação pública de seu ministério, com a idade de 43 anos, Maomé buscava a adesão dos judeus a ele como Profeta e sucessor de Moisés.

Acreditava que sua vinda estava profetizada nas escrituras deles no Capítulo 18:15, do Livro do Deuteronômio:

 “O Senhor falou a Moisés e disse: Eu levantarei um Profeta entre os homens como você e colocarei minhas palavras na sua boca e ele falará a eles tudo o que eu mandar; ele questionará todos os que não ouvirem minhas palavras, que ele falará em meu nome o que eu próprio mandarei a ele”.

Biografia de Maomé 91Logo que chegou a Medina, 9 anos depois, Maomé assinou um tratado de defesa mútua com os judeus, mas depois de um ano ele ficou decepcionado e irritado com a rejeição das demandas proféticas dele e em resposta mudou a direção das preces o “Qibla”, de Jerusalém para a “Caaba” em Mecca.

Nesse ponto, o Islã foi transformado de um movimento unificado para uma religião árabe distinta, na qual os muçulmanos, não os judeus seriam reconhecidos como os verdadeiros descendentes espirituais de Abrahão, Moisés e dos profetas.

O pesar por sua rejeição pelos judeus foi intensificado por notícias de que eles que estavam de conluio com os inimigos dele. Como essas notícias chegaram até nós por historiadores muçulmanos, provavelmente nunca ouviremos o outro lado da história.

Todavia, começando com o cerco da tribo judaica Qaynuqa, quando Maomé tinha 54 anos de idade, a rejeição a ele pelos judeus foi vingada por exílios, batalhas, assassinatos e perseguições.

No Corão, os judeus que quebram o “Sabbath” sob Moisés, são aqueles que “Allah” amaldiçoou e que estão sob sua ira e alguns deles teriam sido transformados em macacos e porcos. Esses versos foram citados por Maomé contra os judeus e foram citados frequentemente desde então, mesmo nos dias de hoje. (Corão 5:60)

Maomé deu permissão a seus seguidores a matarem judeus, em qualquer lugar que os encontrarem, resultando no assassinato de um mercador Judeu. Esse comportamento durou pouco tempo, até que Maomé celebrou outro acordo com os judeus. Mas três anos depois, após acusações de traição, o exército muçulmano sitiou a desafeta tribo Banu Quraiza. Entre 700 a 900 homens adultos foram decapitados, com a permissão dele e 1.000 mulheres e meninas foram escravizadas ou vendidas.

Com a idade de 58 anos de idade, Maomé foi envenenado por uma mulher Judia, que havia perdido seu pai, marido, tio e irmão na batalha de Khaybar. Ele sobreviveu, mas a mulher foi executada. Alguns acreditam que o efeito crônico do veneno tenha apressado a morte de Maomé, que aconteceu cerca de quatro anos depois.

De acordo com numerosos “hadiths”, Maomé proclamou que o “Dia do Julgamento” não acontecerá enquanto muçulmanos estiverem combatendo judeus. “Quando judeus se escondem atrás de pedras e árvores elas dirão: Ó, muçulmanos, há um Judeu atrás de mim venham e matem-no”.

Depois que Maomé morreu, no ano de 632, judeus e cristãos foram expulsos da Arábia pelo sucessor dele, Umar, em 641 Depois de Cristo. Nos séculos seguintes, judeus foram autorizados a praticarem a religião deles em outros lugares.

Apesar de sua condição de “Dhimmis”, eles tiveram, algumas vezes, melhor tratamento em países muçulmanos do que sob governos bizantinos e de cristãos ocidentais.

Mas lá pelo século 13, a módica tolerância que marcou a “Idade de Ouro” da civilização Islâmica, começou a dar lugar a uma mentalidade de rígido controle feudal e muitos judeus foram forçados a ir para “guetos” e algumas comunidades judias e cristãs foram destruídas.

As condições pioraram no século 19, no declínio do Império Otomano (Turco). O moderno antissemitismo apareceu primeiro no mundo muçulmano, durante esse período.

Durante a 2a guerra mundial, o Mufty de Jerusalém aliou-se a Hitler. Ele estava ansioso para continuar o genocídio de Hitler pelo extermínio dos judeus na Palestina, depois que Hitler terminasse de fazer isso na Alemanha. Ironicamente hoje, muitos muçulmanos negam que o Holocausto tenha acontecido.

Infelizmente, existe um profundo ódio aos judeus em quase todo o mundo muçulmano atualmente. Esse ódio não é só direcionado contra a Nação de Israel e frequentemente se estende a judeus de todos os lugares.

Comunidades judaicas na Europa têm visto um agudo crescimento da perseguição por muçulmanos lá. Vemos esforços de reconciliação aqui nos Estados Unidos entre moderados e ocidentalizados muçulmanos. Mas essas são exceções em vez da regra.

7 – CASAMENTO E MULHERES

A condição social e os direitos das mulheres no Islã é, talvez, um dos mais controversos assuntos que os muçulmanos enfrentam hoje. Há muitas vozes clamando falar pelo Islã e muitas interpretações do Corão, estendendo-se do feminismo ocidental até a tradicional dominação dos homens.

Mas qual é o ensinamento e exemplo de Maomé, de acordo com o Corão e tradições islâmicas mandatórias?

Entre as idades de 25 e 62 anos, Maomé teve 11 esposas, duas adquiridas como espólios de guerra e duas concubinas. Muçulmanos “Xiitas” afirmam que Maomé teve 22 esposas.

Biografia de Maomé 92Maomé permite que homens muçulmanos tenham apenas 4 esposas (Corão4:3), mas no Paraíso eles terão muitas virgens e escravos. (Corão 56:22, 35-38) Lá as mulheres muçulmanas terão a virgindade e juventude restauradas, mas sem permissão de ter mais que um marido.

Maomé tinha 49 anos quando a primeira esposa dele, Khadija, morreu. Logo depois, ele se comprometeu com uma menina de 6 ou 7 anos de idade com o nome de Aísha. O casamento foi consumado quando ele tinha 9 ou 10 anos de idade. Por essa razão, casamentos pré-puberdade são permitidos sob a “Sharia“, em alguns países muçulmanos.

Comparando seu tratamento como mera propriedade, sob a lei de costume tribal árabe, Maomé provavelmente elevou o respeito e dignidade das mulheres de alguma maneira.(Corão 2:228; 4:19) Ele também acabou com a perversa prática de enterrarem vivos bebês femininos indesejados. (Corão 17:31)

Em alguns casos, as mulheres árabes tinham mais poder sob o velho sistema Apontam que a 1a esposa de Maomé, Khadija, era rica e poderosa antes de conhecer Maomé e se tornado muçulmana.

Aísha, a esposa favorita de Maomé, conhecida como a “Mãe dos Fiéis”, encontrou-se com uma mulher que tinha sido espancada e ferida pelo marido dela e falou para Maomé: Não vi qualquer mulher sofrer tanto quanto as mulheres crentes. Olhe, sua pele é esverdeada e suas roupas!  Maomé não repreendeu o marido e em vez disso, criticou a mulher.

Maomé também instituiu o casamento temporário ou “Muttah”, para satisfazer seus soldados, muitos deles, que permaneciam muito tempo longe das esposas deles. O Muttah permite que o casamento contratado por um certo preço e por curto período e pode ser baseado em anterior costume árabe. Críticos o vêm como uma forma de prostituição.

Muçulmanos “Sunitas” o aboliram algum tempo depois da época de Maomé. Entretanto muçulmanos Xiitas ainda o permitem. De acordo com noticiários, o “Estado Islâmico” (ISIS) que é muçulmano Sunita, restaurou a antiga prática do Muttah, permitindo a seus soldados a contratarem casamentos temporários.

Existe algum desdém sobre o que as mulheres aguentaram sob o Islã. Como o Corão e os “Hadiths” abundantemente testemunham, isso emana dos ensinamentos e exemplos do próprio Maomé. No seu sermão de despedida, aos 62 anos, Maomé prescreve apedrejamento para adultério e punições físicas para disciplinar esposas. (Corão 4:34). Se o isolamento falhar, Maomé disse, espanquem-nas com tiras, mas não severamente. Mulheres são também comparadas a propriedade, cativos e prisioneiros, por Maomé(Corão 2:223)

De acordo com o Corão, o testemunho de uma mulher num tribunal vale a metade do de um homem. (Corão 2:282)  Sob a Lei Islâmica tradicional, que é baseada no Corão, uma vítima de estupro, precisa trazer 4 testemunhas homens para obter justiça contra seu estuprador. (Corão 24:4)

Cobrir os cabelos com uma “echarpe”, chamada de “hijab” e vestir uma túnica comprida, são prescritos no Corão. Cobrir o rosto com um “niqab” ou uma “burqa” é também exigido por lei, de acordo com maioria dos eruditos muçulmanos.

Um “hadith” mandatório da esposa de Maomé, “Aísha”, relata isso. Quando o Profeta determina que mulheres vistam seus véus sobre seu peito, como está escrito no Corão, elas cortam as pontas de seus lençóis e cobrem suas cabeças e seus rostos com essa peça cortada do tecido. (Corão 24:31)

HijabA FGM (Mutilação Genital Feminina) é uma certa forma de circuncisão do Islã. Foi praticada, com a aprovação de Maomé, de acordo com tradições. De fato, isso é exigido, de acordo com eruditos.

Mulheres têm pouco a esperar depois da vida. De acordo com um “hadith” confiável, Maomé teve uma visão do inferno, no qual viu que seus habitantes eram a maioria de mulheres. Foram condenadas por sua falta de gratidão a seus maridos.

Certa vez, Maomé falou a um grupo de mulheres, que nunca tinha visto alguém tão deficiente em inteligência e religião como as mulheres.

Nem todos os muçulmanos têm essa visão tão ruim das mulheres, é claro, mas esse é o ensinamento do Islã tradicional

8 – ESCRAVIZAÇÃO NO ISLÃ

Diferente do Cristianismo, dividido sobre a questão moral da escravidão, durante a maior parte de sua história, a doutrina e leis islâmicas abraçam plenamente a venda e propriedade de escravos desde o princípio.

Escravidão era uma instituição existente entre os árabes, no tempo de Maomé, assim como existia em muitas nações ao longo da história. O Islã perpetuou e regulamentou sua prática sob a lei “Sharia” até o século 20.

Alguns eruditos muçulmanos ainda advogam a escravidão como uma essencial e integral prática do Islã. A justificativa para a escravidão é baseada no exemplo do próprio Maomé. Depois de derrotar os judeus da tribo Banu Quraiza, quando ele tinha 57 anos, Maomé aprovou a matança dos homens adultos e escravizou ou vendeu mil mulheres e meninas, junto com meninos que ainda não haviam atingido a puberdade.

A escravização de povos conquistados tornou-se uma prática estabelecida ao longo da história islâmica e proveu um contínuo fluxo de trabalhadores, escravas sexuais e dinheiro.

Biografia de Maomé 901Sob a Sharia, qualquer quantidade de mulheres capturadas pode ser mantida como escravas sexuais ou concubinas. Se forem casadas, o casamento delas é anulado. Maomé tinha duas de suas esposas, que foram capturadas em guerras e tinha pelo menos duas concubinas, em adição a vários homens escravos. (Corão 4:3, 24)

Embora Maomé encorajasse um tratamento bondoso dos escravos e alforria de escravos, não existe punição sob a lei Sharia para o proprietário que estupra ou mata seus escravos. (Corão 24:33) Tais leis não são sempre aplicadas integralmente, permitindo aos escravos serem melhor tratados em alguns lugares que em outros.

Historicamente, os muçulmanos criaram uma extensa rede de comércio de escravos, suprida por cativos de guerras de todas as raças, tomados principalmente do norte da África e do sul da Europa.

Estima-se que entre 10 e 18 milhões de escravos foram negociados, inclusive mais de um milhão de europeus, mas ninguém sabe o número verdadeiro. A escravidão não foi abolida na Arábia Saudita até os anos da década de 1960, mas ainda opera clandestinamente em várias partes do mundo muçulmano atualmente e foi recentemente restaurado pelo ISIS, o Estado Islâmico

CONCLUSÃO: O ENIGMÁTICO MAOMÉ

Os muçulmanos fazem esforços para definir o Islã no mundo moderno. O caráter complexo de Maomé continuará a ter um papel decisivo em estabelecer o futuro dessa fé, com cada facção buscando justificar sua versão do Islã, de seus ensinamentos e exemplo como estão no Corão e nas Tradições.

Quem promove a paz e os direitos humanos, encontra sua inspiração em Maomé, assim como quem promove a lei Sharia, a violenta Jihad e até mesmo terrorismo.

Por causa dessas tendências violentas serem estabelecidas pelos ensinamentos e exemplo do próprio Maomé, é provável que elas sempre sejam partes inseparáveis do Islã.

Maomé possuía o amor, humildade e a bondade de um Santo, lado a lado, com o vício, pretensão e crueldade de um tirano. Ele foi amado e adorado por seus seguidores e foi temido e desprezado por aqueles que recusaram a aceitar a religião dele.

Biografia de Maomé 93Esse dualismo de seu caráter tem sido emulado por muitos dos de seus seguidores ao longo da história, até mesmo no presente, explica ambas, a bondade que vemos dos muçulmanos e os brutais ataques entre facções de muçulmanos e contra quem fica no caminho da dominação islâmica.

As últimas cenas da vida de Maomé ilustram essas contradições. Ele amaldiçoou os judeus e os cristãos, clamando pela destruição deles, enquanto se preocupava em deixar um presente generoso para os pobres.

Maomé foi verdadeiramente, em muitos modos, um líder religioso enigmático.

 “Você tem de fato no Mensageiro de Allah um belo modelo (de conduta) para qualquer um que tem esperança em Allah e no Dia Final e para quem se empenha em louvar Allah” – Corão 33:21

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NOTA DO TRADUTOR

O texto acima foi extraído das legendas do vídeo do Youtube “Documentário Sobre a Biografia de Maomé”, legendado por mim. O texto pode ser baixado no formato pdf.

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NOTA DO AUTOR DO DOCUMENTÁRIO (Inserido no início do vídeo)

Neste documentário ilustramos algumas das maiores crenças e práticas do Islã tradicional, a partir da vida e ensinamentos de Maomé.

Os detalhes biográficos apresentados aqui foram retirados diretamente de fontes islâmicas originais e podem ser encontradas em numerosos trabalhos de eruditos.

A maioria das imagens artísticas usadas deste programa foram produzidas por artistas muçulmanos medievais e contemporâneos, cujos trabalhos foram contratados e aprovados por dignitários muçulmanos e autoridades.

ATRAVÉS DAS LENTES DA VIDA DE MAOMÉ – COMO O EXEMPLO E OS ENSINAMENTOS DE MAOMÉ FORMARAM O ISLÃ DE HOJE – NARRADO POR CHRIS STEPHENS, M.D. – COM COMENTÁRIOS DE WILLIAM DIPUCCIO, PHD.

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