O abandono envergonhado do AC/DC no calendário ocidental – Luigi Benesilvi
(17/07/2022)
Meu filho mencionou outro dia haver notado quase não estarem mais usando a designação AC/DC (Antes de Cristo/Depois de Cristo) no calendário ocidental.

Eu já tinha notado nas publicações de países de língua inglesa o uso quase exclusivo de CE/BCE (Common era/Before common era), que significam “Era comum/Antes da era comum” ou “Era corrente/Antes da era corrente)
O abandono dos termos AD/DC nos países de línguas latinas, ainda não é tão visível, mas já li e ouvi usarem “Era comum/Antes da era comum”, principalmente em traduções de textos originais em inglês.
Parece que os ocidentais têm vergonha de citar o nome de Jesus Cristo.
Por acaso assisti um programa da televisão italiana (RAI), no qual a entrevistadora estava falando sobre a acuracidade dos diversos calendários em uso no mundo, fato que me levou a escrever este texto.
O ano de 2022 do calendário gregoriano corresponde ao ano de 1.443 no calendário muçulmano, de 3.114 no calendário maia, de 4.720 no chinês e de 5.782 no calendário judaico.
O entrevistado, um astrônomo e matemático italiano, cujo nome não lembro, fez algumas comparações entre os calendários, começando pelo calendário gregoriano, atualmente usado praticamente em todo o mundo para contagem de tempo e estabelecimento de prazos em praticamente todas as atividades e intercâmbios.
O Calendário Gregoriano foi estabelecido no século 16, sob encomenda do Papa Gregório XIII ao astrônomo e cronologistaAloysius Lilius, para corrigir erros acumulados pelo Calendário Juliano, que fora baseado nos cálculos do monge Dionysius Exiguus, ao substituir a base da Era Diocleciana pela data presumida do nascimento de Jesus Cristo.
O monge fez intrincados cálculos para resolver um problema no estabelecimento da data correta da Páscoa Cristã, mas colocou a data do nascimento de Jesus como “ano um”, quando devia ser o “ano zero”. Outras imperfeições foram descobertas ao longo do tempo, mas nada que comprometa seriamente a acuracidade prática do calendário gregoriano.

Ficou estabelecido que o uso abreviado da referência do calendário seria AC para antes de Cristo e DC para depois de Cristo. Também é usado o termo AD (Anno Domini) para designar datas posteriores ao nascimento de Jesus.
Em inglês os termos são BC/AD (Before Christ/Anno Domini). “Anno Domini” é o “Ano do Senhor”. Mas de uns tempos para cá, passaram a usar quase que exclusivamente BCE/CE (Before Common Era/Common Era).
Voltando à entrevista, o matemático fez severas críticas ao calendário gregoriano, começando pela ausência do ano zero e outras questões relacionadas à morte do rei Herodes, que governava a Judeia na época do nascimento de Jesus Cristo, mencionando, entre sorrisos e caretas, que a morte do rei teria ocorrido quatro anos antes de nascimento de Jesus, mas ele estava vivo quando Jesus nasceu. Fez até algumas piadinhas a respeito desse fato.
Depois citou o calendário dos muçulmanos, cujo ano zero é o ano de 622 depois de Cristo, data em que Maomé e seus seguidores tiveram que sair fugidos da cidade de Meca e para se abrigarem em Medina, evento conhecido como Hirjah (migração).
O matemático não fez qualquer crítica em relação a esse calendário, que introduz os mesmos erros do calendário gregoriano, pois baseia-se no ano do nascimento de Jesus Cristo.
Encheu de elogios o calendário da civilização Maia, que habitou parte do México, Guatemala e Belize no nosso primeiro milênio.
Derreteu-se ao mencionar que os Maias tinham um calendário “civil”, com 365 dias e outro “religioso”, com 260 dias, contados pelo giro de duas “rodas” dentadas.

Também não mencionou haver qualquer incorreção no calendário da civilização Maia.
Ao citar o calendário chinês, cuja o início é o nascimento de Buda, não houve qualquer menção quanto à existência de dúvidas sobre a data exata do nascimento de Buda.

Mais adiante comentou, ironicamente, que o calendário judaico seria o mais correto, pois baseia-se na criação do mundo, que teria ocorrido 5.782 anos atrás, segundo os Judeus. Rindo, ele comentou o tamanho do erro, já que, segundo ele, o mundo foi criado há 13,5 bilhões de anos, quando esse período na verdade refere-se à criação do nosso universo. Estima-se que a terra teria sido criada há cerca de 4,5 bilhões de anos.
Quer dizer, o matemático cometeu um erro grosseiro de 9 bilhões de anos.
Para encerrar, ele citou o “calendário matemático” de Khalil Gibran Khalil, como o mais acurado, pois introduz apenas o erro de um dia a cada 10 mil anos, enquanto no calendário gregoriano o erro é de três dias cada 10 mil anos.
Além de mostrar grande preconceito em relação a Jesus Cristo e aos Judeus, o entrevistado só criticou a falta de acuracidade dos calendários criados por Judeus e Cristãos, quando o calendário muçulmano contém basicamente os mesmos erros do calendário Cristão e acho bastante provável que o calendário budista seja ainda menos acurado na data do nascimento de Buda.

Na verdade, a data exata inicial de qualquer calendário não é um fator preponderante para sua acuracidade, pois trata-se apenas de um ponto referência de partida. Como o ano não contém um número exato de dias (a duração do ano está entre 364 e 365 dias), é mais importante estabelecer pontos de correção para que não haja defasagens significativas ao longo do tempo.
Luigi Benesilvi
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