O custo da expansão da OTAN é a destruição da Ucrânia – John Mearsheimer

(05/04/2025)

Acho que é preciso voltar à década de 1990, para entender o que está acontecendo na Ucrânia.

Com a dissolução da União Soviética foi também extinto o Pacto de Varsóvia, equivalente soviético da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Na ocasião, a Federação Russa solicitou que a OTAN também fosse extinta, mas seus membros não concordaram. No entanto, comprometeram-se a não expandi-la e manter apenas os 13 membros então integrantes, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Itália, Portugal, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega, Islândia, Luxemburgo e Turquia.

Isso foi estabelecido por escrito num protocolo assinado em 1991.

Algum tempo depois, houve um grande debate no governo de Bill Clinton sobre se havia condições de avançar a OTAN para o leste europeu. E, dentro do governo Clinton, havia um bom número de pessoas que se opunham veementemente à expansão da OTAN, porque achavam, em termos realistas, que os russos veriam isso como uma ameaça. E, à medida que a OTAN se aproximasse cada vez mais das fronteiras da Rússia, tudo ia explodir na nossa cara.

E eles lutaram com unhas e dentes para evitar isso. Mas o que aconteceu foi que os realistas perderam, os liberais ganharam e começamos a expandir a OTAN.

Conseguimos nos safar com uma grande parcela de expansão. Primeiro em 1999. Foi quando a Polônia, a Hungria e a República Tcheca entraram. Depois, tivemos outra grande parcela de expansão em 2004. Foi quando os países bálticos, a Romênia, a Bulgária, a Eslovênia e a Eslováquia, todos entraram.

Mas em 2008, os problemas começaram, porque em abril de 2008, pensamos em termos de uma terceira grande parcela. E, dessa vez, dissemos explicitamente que a OTAN iria trazer também a Geórgia e a Ucrânia para a aliança. Os russos deixaram inequivocamente claro que isso não podia acontecer. Vladimir Putin deixou inequivocamente claro naquele momento que essa era uma ação que levaria à destruição da Ucrânia.

Agora, algo muito importante é que na reunião de cúpula da OTAN em Bucareste, em abril de 2008, onde essa decisão política foi tomada, Ângela Merkel e Nicholas Sarkozy, os líderes, respectivamente, da Alemanha e da França, se opuseram inequivocamente a trazer a Ucrânia para a OTAN. E Ângela Merkel disse que a razão pela qual se opôs foi porque achava que Putin veria isso como uma declaração de guerra.

Então, havia muitas pessoas que se opunham. Eu me juntei a esse movimento, na verdade, porque escrevi esse famoso artigo em 2014, depois que a crise na Ucrânia estourou, dizendo que a culpa era do Ocidente, na verdade, por expandir a OTAN para o leste. Mas o que aconteceu foi que dobramos a aposta a cada passo.

É realmente notável. Depois que a crise eclodiu em fevereiro de 2014, em vez de recuar, reavaliar a situação, nós dobramos a aposta. E temos feito isso a cada passo desde então.

E o resultado final é que estamos agora nessa guerra horrenda, que embrulha o estômago, quando pensamos no que está acontecendo com a Ucrânia.

E o que quero dizer é que essa decisão de expandir a OTAN para a Ucrânia foi irresponsável ao extremo, por causa das consequências para o povo ucraniano, que resultaram dessa decisão para a Ucrânia como uma sociedade funcional. Quero dizer, ela está sendo destruída. Acredito que isso poderia ter sido evitado se não tivéssemos tentado expandir a OTAN para a Ucrânia. Se tivéssemos recuado. Mas não fizemos isso, e agora estamos pagando o preço. Na verdade, para ser claro, são os ucranianos que estão realmente pagando o preço. E é isso que torna essa situação tão terrível.

Mais uma vez, não se deve subestimar a quantidade de pessoas que se opuseram a essa política de trazer cada vez mais países, inclusive a Ucrânia, para a OTAN desde o início. Tem havido muita resistência. O que acontece é que o outro lado tem vencido a cada vez.

John Mearsheimer

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NOTA

O texto acima foi extraído das legendas deste vídeo publicado no Bitchute.

Convém acrescentar que após o golpe de estado que derrubou o presidente pró-Rússia da Ucrânia, Viktor Yanukovych, os novos presidentes de Ucrânia foram todos marionetes da União Europeia, culminando com o atual presidente, o ex-comediante Volodymyr Zelenskyy.

Após o golpe de 2014 foi assinado o chamado Acordo de Minsk, que concedia uma certa autonomia a algumas províncias do leste da Ucrânia, cuja população era majoritariamente composta por descendentes russos. O acordo não foi cumprido pela Ucrânia e União Europeia.

Seguem abaixo alguns links sobre esse assunto.

Antecedentes e protagonistas da guerra da Ucrânia, neste link.

Robert Kennedy faz um resumo dos motivos da guerra da Ucrânia, neste link.

O ocidente caiu na armadilha da Rússia, neste link.

Luigi Benesilvi

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