O Culto aos Coitadinhos
(17/01/2018)

Em 1967 o jornalista Emil Farhat lançou um livro chamado O País dos Coitadinhos”, no qual ele faz uma crítica sobre o culto ao “coitadismo” dos brasileiros em geral. Segundo ele, os brasileiros tinham o hábito de reivindicar    direitos assistencialistas, sem a contrapartida dos deveres.

Coitadinhos

Num trecho do livro, Farhat escreve:

“Certo tipo de juiz agindo em função do bom-mocismo ou do terror intelectual habilmente lançado pelos comunistas, assume, através de sentenças sistemáticas, a posição ‘filosófica’ de que a legislação trabalhista tem como finalidade única proteger o ‘coitadinho’: o ‘coitadinho’ do incapaz, o ‘coitadinho’ do desleixado, o ‘coitadinho’ do empregado desleal com a empresa que lhe dá trabalho, e o ‘coitadinho’ que fez apenas pequenas e tímidas desonestidades….” (FARHAT, 1968, p. 11-12).

O que me levou à lembrança do livro de Emil Farhat foi assistir este vídeo de Jair Bolsonaro, falando algumas verdades sobre os exageros da atenção aos “coitadinhos”, esbravejando contra quem pede que ele direcione mais seu discurso para contemplar as necessidades das “minorias”.

Bolsonaro fala:

 “… o pessoal tem que dar porrada em mim mesmo, porque eu não vou ficar brocha p’ra agradar eleitor. O voto é problema de vocês. Cada um faz o que bem entender com seu voto. Tá cheio de cara fingindo que é bonzinho. Todo mundo é bonzinho. Coitadinho do gay, coitado do branquelo, coitada mulher, coitado do nordestino, coitado do gaúcho, coitado do encarcerado. Todo o mundo é coitado…”

De 1967 a 2018 a perspectiva piorou muito, pois agora, além do “coitadismo” geral, temos um verdadeiro “culto aos coitadinhos” específicos, cuja atenção é exigida e monitorada pelos esbirros da expressão “politicamente correta”.

Atualmente, o governo e a grande mídia estabelecem suas linhas de ação considerando prioritariamente o atendimento aos grupos minoritários específicos, sofrendo forte pressão de “organizações não governamentais”, que vivem às custas do dinheiro dos impostos que os cidadãos pagam e o governo repassa para elas.

Devo reconhecer a existência de grupos menos providos de condições físicas, econômicas e sociais, que requerem algum tipo de atenção especial, mas daí a colocarem isso como prioridade absoluta é um despropósito, quando temos gente morrendo em salas de emergência sem condições de trabalho e sem médicos.

Numa reunião sobre mobilidade urbana, uma senhora exigia que o Departamento de Trânsito providenciasse sinalização especial para cegos, incluindo um semáforo, desde a porta do prédio onde mora até o curso de inglês que o filho cego frequentava, há umas três quadras.

O agente do Detran argumentou que isso não seria possível porque atenderia apenas uma pessoa e ficaria inútil caso o rapaz resolvesse mudar de escola. Ela contra argumentou ser obrigação do serviço público prover condições para que o filho dela tivesse uma vida normal. No final, “sobrou” para o condomínio do edifício onde ela morava, forçado a adequar os dez elevadores do prédio à legislação especial, embora o filho dela só usasse dois deles.

Outro dia assisti uma reportagem no qual um cadeirante estava revoltado pleiteando a construção de caminhos especiais num trajeto turístico no meio da mata localizada numa região montanhosa do centro-oeste.

Fora do Brasil, acabei de ler a notícia que a Primeira-Ministra da Inglaterra, a “conservadora” Theresa May, criou um “Ministério da Solidão”, para atender as pessoas solitárias. Logo o Brasil vai imitar e criar ministério semelhante, em detrimento das pessoas que estão morrendo nas filas das emergências dos hospitais, atingidas por balas de assaltantes, por falta de segurança.

Temos cotas para minorias nas faculdades e nos serviços públicos. Já existem projetos de criação de cotas para “transexuais” em todos esses lugares.

Quem tentou estacionar seu carro num estacionamento lotado, certamente viu várias vagas espaçosas para deficientes físicos, que estão quase sempre vazias, como pode ser visto neste texto, escrito em setembro de 2017.

quatro-estacionamentos

Nos tempos atuais, quem só trabalha e não pertence a uma “minoria coitadinha”, tem seus desafios e sacrifícios aumentados por conta do deslocamento de recursos para atender as necessidades especiais delas. E tem muita gente saudável e esperta aproveitando-se disso.

Embora reconhecendo que, do ponto de visto humano é meritória a tentativa de tornar a vida dessas pessoas o mais próximo possível da normalidade, infelizmente, do ponto de vista econômico, a exagerada prática é inviável a longo prazo.

O REI ESTÁ NU!

                                      Luigi B. Silvi

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