O Falso “Diálogo Inter-Religioso” do Papa Francisco Com o Mundo Muçulmano – Raymond Ibrahim.
(04/01/2019)

O jornal “Vaticano News” anunciou recentemente a “Viagem Apostólica do Papa Francisco ao Marrocos, cujo tema é a ”esperança”. Antes de viajar para o Marrocos, Francisco também deve visitar os Emirados Árabes Unidos.

Falso Diálogo 1

“No Marrocos, o Papa Francisco se encontrará com o líder dos muçulmanos marroquinos”, continua a notícia do Vaticano, “800 anos após o encontro entre São Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kāmil do Egito”.

Francisco tem sido ainda mais vigoroso em traçar semelhança entre ele e seu homônimo, Francisco de Assis. Em um discurso recente, ele disse que sua visita às duas nações muçulmanas “representa duas oportunidades importantes para promover o diálogo inter-religioso e o entendimento mútuo entre os seguidores de ambas as religiões, neste ano que marca os oitocentos anos do histórico encontro entre São Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kāmil.

O que exatamente foi “histórico” neste encontro? E como isso se relaciona com os esforços do Papa Francisco de “promover o diálogo inter-religioso e o entendimento mútuo?”. Explorar essas questões oferece lições úteis, inclusive sobre as abordagens passadas e presentes do Islã.

Antes de prosseguir, deve-se entender que o Papa Francisco muitas vezes se apresenta como seguidor dos passos de seu homônimo escolhido, Francisco de Assis – “o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e protege o povo de Deus”, como Jorge Mário Bergoglio explicou em 2013 quando adotou o nome de Francisco.

Quanto ao encontro caracterizado como um “encontro histórico entre São Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kāmil”, eis a história: Depois de séculos de invasões islâmicas que conquistaram pelo menos dois terços do território cristão – como documentado em minha recente “Espada e Cimitarra: Quatorze Séculos de Guerra entre o Islã e o Ocidente – os europeus finalmente começaram a reagir através das Cruzadas no final do século XI.

Em 1219, durante a Quinta Cruzada, Francisco de Assis (1182-1226) e outro companheiro procuraram fazer a sua parte viajando para o Oriente Médio, onde procuraram audiência com o sultão al-Kāmil. Eles foram, apesar do voto de al-Kāmil, de que “qualquer um que trouxesse a cabeça de um cristão deveria receber uma peça de ouro bizantina“.

Falso Diálogo 2Os contemporâneos de São Francisco também o advertiram que os muçulmanos “eram um povo mau que tem sede de sangue cristão e tentam até mesmo as mais atrozes atrocidades”. Apesar disso, os homens determinados, continuaram sua jornada apenas para experimentar o inevitável:

Os primeiros documentos são unânimes em concordar que os dois franciscanos foram submetidos a um tratamento áspero ao atravessar o território muçulmano. Os homens de Deus foram tomados de maneira violenta pelas sentinelas, agredidos e acorrentados. Celano relata que Francisco “foi capturado pelos soldados do sultão, foi insultado e espancado”, mas não demonstrou medo, mesmo quando ameaçado de tortura e morte.

Qual foi o propósito da perigosa missão de São Francisco? Estaria ele, como o Papa Francisco regularmente sugere, tentando “promover o diálogo inter-religioso e a compreensão mútua?” Sim e não. Ele certamente confiava na palavra, não na espada. Mas a palavra que ele ofereceu era tão afiada quanto qualquer espada.

Como escreve Rega, “plenamente consciente dos perigos, São Francisco estava decidido a ir em missão para evangelizar os incrédulos das nações muçulmanas. As fontes primárias estão de acordo que ele agora estava pronto para sacrificar sua vida e morrer por Cristo, então pode haver pouca dúvida de que a intenção de sua jornada era pregar o Evangelho mesmo com risco de martírio”.

Francisco procurou salvar almas e vidas: “Converter os muçulmanos através da sua pregação era o objetivo final dos esforços de Francisco, e um fim pacífico para a guerra seria uma consequência desta conversão”. Como Christoph Maier explica, “Francisco, como os cruzados, queriam libertar os lugares santos da Palestina do domínio muçulmano. O que foi diferente foi a sua estratégia… Ele queria a submissão total dos muçulmanos à fé cristã”.

Eventualmente levados ao sultão al-Kāmil, os monges procuravam “demonstrar aos mais sábios conselheiros do sultão a verdade do cristianismo, da qual a lei de Mohammed [Sharia] não conta nada“. “Você estará perdido; Deus não aceitará sua alma. Por essa razão, chegamos a você”, disse são Francisco ao Sultão.

Falso Diálogo 3Intrigado pelos atrevidos frades, “o sultão chamou seus conselheiros religiosos, os imãs”. No entanto, e como hoje acontece quando os debatedores muçulmanos não sabem o que dizer, “eles se recusaram a debater com os cristãos e em vez disso insistiram que eles fossem mortos [por decapitação], de acordo com a lei islâmica.”

O sultão recusou: “Estou indo contra o que meus conselheiros religiosos exigem e não cortarão suas cabeças … vocês arriscaram suas próprias vidas para salvar minha alma.

Durante a discussão e em referência à “conquista e ocupação muçulmana secular de terras, povos e nações que já foram primariamente cristãos”, al-Kāmil tentou aprisionar os monges com sua própria lógica: se Jesus tinha ensinado os cristãos a dar a outra face e pagar o mal com o bem”, por que então os cruzados querem invadir as terras dos muçulmanos?” perguntou ele.

Francisco respondeu citando também o Cristo: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora. É melhor você perder uma parte do seu corpo do que todo o seu corpo ser jogado no inferno”.

Francisco então explicou: “É por este justo motivo que os cristãos invadem a terra que você habita, pois você blasfema o nome de Cristo e afasta todos os que você consegue da adoração Dele“.

São Francisco disse isso fazendo referência às regras dhimmi do Islã, que, além de debilitar a fé cristã, tornam a vida dos cristãos tão onerosa e degradante que milhões de pessoas se converteram ao islamismo ao longo dos séculos para aliviar seus sofrimentos.

Como deve ser evidente agora – e ao contrário do que muitos, incluindo o atual papa, sugerem – São Francisco não pregou passividade antes da agressão.

O professor James Powell escreve: “Francisco de Assis foi a Damietta [Egito, onde o sultão al-Kāmil estava] em uma missão de paz. Não pode haver dúvidas sobre isso. Não devemos, contudo, tentar fazer dele um pacifista [que procura a paz a qualquer custo, mesmo a submissão] ou rotulá-lo como um crítico da cruzada”.

Falso Diálogo 4Outro estudioso das cruzadas, Christoph Maier, ressalta este ponto: “Francisco aceitou assim as cruzadas como legítimas e ordenadas por Deus, e obviamente não se opunha ao uso da violência quando se tratava da luta entre cristãos e muçulmanos”.

De fato, Francisco observou certa vez que “paladinos e valentes cavaleiros que eram poderosos em batalha, perseguiram os infiéis [muçulmanos] até a morte”. Como tais, eles eram “santos mártires [que] morreram lutando pela fé de Cristo”.

Esse é o homem cujos passos o Papa Francisco afirma estar seguindo ao se encontrar com os poderosos muçulmanos “para promover o diálogo inter-religioso e a compreensão mútua”.

Não é de admirar que aqueles que conhecem a verdadeira biografia de São Francisco deplorem sua transformação nos dias de hoje em algum tipo de “hippie” medieval ou, nas palavras do Papa Francisco, “o homem da paz, o homem que ama e protege a criação”. Como o Papa Pio XI reclamou em 1926:

“Que maldade eles fazem e quão longe de uma verdadeira apreciação do homem de Assis [St. São Francisco]. São eles que, para reforçar suas ideias fantásticas e errôneas sobre ele, imaginam uma coisa tão incrível … que ele foi o precursor e profeta daquela ”falsa liberdade” que começou a se manifestar no começo dos tempos modernos e que tem causado tantos distúrbios tanto na Igreja como na sociedade civil!”

No contexto do confronto com o Islã, Rega igualmente lamenta que, “para os revisionistas [oportunistas marxistas], o ‘real’ Francisco não era um evangelista ousado, mas um homem tímido, cujo objetivo era fazer com que os frades vivessem passivamente entre os sarracenos [muçulmanos] e estarem sujeitos a eles”.

E essas são precisamente as diferenças entre São Francisco e o Papa Francisco: embora ambos estejam dispostos a dialogar pacificamente com os muçulmanos, o santo medieval não estava disposto a comprometer as verdades cristãs ou ignorar a realidade violenta do islã, ao passo que o papa pós-moderno é.

Como exemplo, depois que um jornalista perguntou ao papa Francisco sobre o massacre jihadista de um padre de 85 anos na França e como ele certamente foi “morto em nome do Islã”, Francisco respondeu:

padre-jacques-hamel1“Eu não gosto de falar de violência islâmica, porque todo dia, quando eu navego nos jornais, eu vejo violência, aqui na Itália … esse que assassinou sua namorada, outro que assassinou a sogra … e estes são batizados católicos! Há católicos violentos! Se falo de violência islâmica, devo falar de violência católica. . . e não, nem todos os muçulmanos são violentos, nem todos os católicos são violentos. É como uma salada de frutas; tem tudo.”

O papa não mencionou nem compreendeu que a violência cometida de acordo com uma religião é radicalmente diferente da violência cometida em contradição com uma religião.

Sim, pessoas de todas as religiões cometem violência. Mas os católicos que Francisco citou não assassinaram suas namoradas e sogras por causa de qualquer ensinamento cristão; pelo contrário, os ensinamentos cristãos de misericórdia e perdão servem para contrariar esses impulsos.

Por outro lado, grande parte da violência e intolerância cometida por muçulmanos em todo o mundo é muitas vezes um subproduto dos ensinamentos islâmicos (por exemplo, perseguir e executar “apóstatas”, ou seja, os muçulmanos nascidos que desejam deixar o Islã ou abraçar outra religião).

Na mesma entrevista, depois que Francisco reconheceu que existem “pessoas violentas dessa religião [o Islã]”, ele imediatamente acrescentou que “em quase todas as religiões há sempre um pequeno grupo de fundamentalistas. Fundamentalistas. Nós os temos.

É verdade, mas aquilo que é “fundamental” para cada religião difere. Enquanto os fundamentalistas muçulmanos e cristãos aderem a uma leitura literal / estrita de suas escrituras, deixada sem ser mencionada por Francisco, o que a Bíblia e o Alcorão realmente ensinam?

O fundamentalista cristão pode se ver compelido a rezar por seus perseguidores, enquanto o fundamentalista muçulmano pode se ver atacando, subjugando, saqueando, escravizando e massacrando infiéis não-muçulmanos. Em ambos os casos, as escrituras – Bíblia e Alcorão – dizem isso.

Um último ponto importante: enquanto São Francisco não zombou de Maomé – embora [os conselheiros do sultão] exigiam a sua decapitação de qualquer maneira – ele inequivocamente retratou a mensagem do profeta muçulmano como falsa.

Falso Diálogo 5Ao contrário do papa diplomático Francisco, que nunca parece pregar Cristo aos muçulmanos, mas confirma e valida a religião muçulmana, o santo sincero estava mais preocupado com as almas dos muçulmanos, a ponto de colocar sua própria vida em risco. Além de liderar a defesa do cristianismo contra o islã – ver Espada e Cimitarra – essa também era uma das preocupações tradicionais dos papas, os “vigários de Cristo“.

Mas aparentemente não para o atual papa.

Em suma, quando se trata de confrontar o Islã com honestidade e sinceridade, e defender a fé, o Papa Francisco lamentavelmente falha em viver de acordo com o corajoso frade cujo nome ele se apropriava.

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NOTA:
O texto acima foi traduzido pelo grupo “Mulheres Brasileiras Contra a Sharia/Islamização”, publicado no Facebook em 4 de fevereiro de 2019.

O original em inglês pode ser lido no link:
Pope Francis’ Fake “Interreligious Dialogue” with the Muslim World – Raymond Ibrahim

Luigi Benesilvi

 

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