Não Existe Caridade Grátis – A Caridade Usada Como Instrumento de Proselitismo Ideológico – Luigi Benesilvi
(15/02/2019)
Além das conhecidas organizações laicas, as três principais religiões monoteístas têm em comum o espirito de caridade para com os seres humanos menos afortunados e na ajuda a pessoas atingidas por catástrofes.
Cada uma delas tem uma maneira própria de conseguir recursos para a prática de sua caridade.
Como é descrito adiante, existe uma grande diferença quanto aos destinatários da ajuda humanitária. As caridades Laica, Cristã e Judaica não fazem qualquer distinção aparente a quem é feita a caridade, praticando o “fazer o bem sem olhar a quem”.
A bem da verdade, todas elas praticam algum tipo mais ou menos ostensivo de proselitismo ideológico.
Já a caridade islâmica é a única que tem regras mandatórias e precisas quanto a quem podem ser destinados recursos de ajuda e as condições em que esses recursos devem ser empregados.
CARIDADE LAICA
As mais conhecidas organizações não religiosas de caridade são a UNICEF, a Cruz Vermelha e a Médicos Sem Fronteiras.
“A Cruz Vermelha é um movimento internacional humanitário, neutro e imparcial, não vinculado a qualquer Estado, com o objetivo de proteger a vida e a saúde humana e prevenir e aliviar sofrimento humano sem discriminação por nacionalidade, raça, sexo, religião, classe social ou opiniões políticas.”
A Cruz Vermelha atua em áreas atingidas por catástrofes naturais e conflitos armados, provendo ajuda humanitária, principalmente no tocante a serviços médicos emergenciais. Obtém recursos por meio de doações privadas e governamentais.
Embora atualmente a Cruz Vermelha se declare como não religiosa, suas origens no século 19 são de praticar caridade Cristã, para ajudar os feridos em guerras entre países cristãos europeus.
A história da Cruz Vermelha remonta à década de 1860, quando foi idealizada pelo suiço Henry Dunant.
“Os Médicos sem Fronteiras (MSF – Médecins sans Frontières) é uma organização internacional, não governamental, sem fins lucrativos, de ajuda médica e humanitária para populações em situação de emergência, causados por conflitos armados, catástrofes, epidemias, fome e exclusão social.”
Os Médicos Sem Fronteiras atuam basicamente em regiões de conflitos armados, provendo principalmente serviços médicos emergenciais. Como está escrito na sua missão, os Médicos Sem Fronteiras têm uma ideologia socialista não ostensiva. Obtém recursos principalmente por meio de doações privadas.
“O Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas (United Nations International Children’s Emergency Fund – UNICEF) é um órgão das Nações Unidas que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas necessidades e contribuir para o seu desenvolvimento.”
A UNICEF atua na ajuda humanitária a populações em situação de miséria e em zonas de conflitos, provendo alimentos, alojamentos e serviços médicos. Conta com recursos da Organização das Nações Unidas e de campanhas promovidas por entidades privadas, tipo Criança Esperança (Rede Globo) e Teleton (SBT).
A UNICEF promove ajuda dentro das diretrizes da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, que, entre outras coisas, defende a ideologia de gênero e aborto.
CARIDADE JUDAICA
Recentemente Israel enviou um avião com especialistas em resgates para ajudar na busca de sobreviventes da tragédia ocasionada pelo rompimento da barragem de rejeitos da mina da Vale na cidade de Brumadinho.
Da mesma forma Israel têm deslocado recursos tecnológicos modernos para vários países para ajudar no resgate de pessoas afetadas por grandes tragédias naturais ou ocasionadas por negligência humana.
É evidente que, além da prestação da ajuda humanitária, a missão incluiu a promoção de Israel, cujos dirigentes têm muito interesse político no estreitamento de suas relações com o Brasil.
A caridade Judaica obtém recursos por meio de ajuda oficial do governo de Israel, doações de organizações Judaicas e pelo pagamento do dízimo da renda anual dos seguidores da religião Judaica.
O dízimo está descrito em diversas passagens da Bíblia e em textos sagrados dos Judeus.
Honre o Senhor com todos os seus recursos e com os primeiros frutos de todas as suas plantações; os seus celeiros ficarão plenamente cheios,e os seus barris transbordarão de vinho. Provérbios 3:9-10
Cada um de vocês trará uma dádiva conforme as bênçãos recebidas do Senhor, o seu Deus. Deuteronômio 16:17
“Todos os dízimos da terra – seja dos cereais, seja das frutas – pertencem ao Senhor; são consagrados ao Senhor. Se um homem desejar resgatar parte do seu dízimo, terá que acrescentar um quinto ao seu valor. O dízimo dos seus rebanhos, um de cada dez animais que passem debaixo da vara do pastor, será consagrado ao Senhor. Levítico 27:30-32
“Dou aos levitas todos os dízimos em Israel como retribuição pelo trabalho que fazem ao servirem na Tenda do Encontro. Números 18:21
O dízimo (décima parte) serve para a manutenção da religião, no tocante à manutenção de sinagogas, sustento dos rabinos e prática de caridade.
CARIDADE CRISTÃ
Além das menções à caridade do Velho Testamento, o Novo Testamento da Bíblia também faz várias referências à caridade:
“Diante das Igrejas, mostrai-lhes a vossa caridade e justificai os elogios que de vós fizerem” (Coríntios 8,24)
“Irmãos, devemos agradecer sempre a Deus a vosso respeito. O que é muito justo, pois a vossa fé tem feito grandes progressos, como também a caridade de uns pelos outros cresceu muito em cada um de vós. Assim, nós mesmos somos levados.” (Tessalonicenses 1,3-4)
“Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas, procura antes a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a constância, a mansidão”. (Timóteo 6,11)
A prática da caridade pelas entidades cristãs, sejam católicas ou evangélicas, vem de longa data e é feita em instalações agregadas aos locais de culto. No caso da igreja Católica, a organização Caritas Internacional é a principal entidade de caridade, com representações em muitos países, principalmente aqueles de maioria Cristã.
“A Caritas é uma entidade de promoção e atuação social que trabalha na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário. Sua atuação é junto aos excluídos e excluídas, em defesa da vida e na participação da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural.”
Como dá para ler no escopo de sua missão, a Caritas tem uma forte influência da ala socialista da Igreja Católica, estando visivelmente comprometida em atuar “junto aos excluídos e excluídas, em defesa da vida e na participação da construção solidária de uma sociedade justa, igualitária e plural”.
O financiamento das entidades da igreja católica dá-se por meio de doações de empresas e de pessoas físicas. Não existe pagamento compulsório pelos fiéis do “dízimo” mencionado na Bíblia.
Já o financiamento da caridade dos evangélicos, além de doações, há o pagamento do “dízimo” por parte dos seguidores.
A caridade Cristã não tem qualquer tipo ostensiva de seleção ideológica, política ou religiosa no tocante aos beneficiários da ajuda humanitária.
CARIDADE ISLÂMICA
A religião islâmica também pratica a caridade por meio de entidades agregadas às próprias Mesquitas, Centros de Cultura Islâmica e de governos teocráticos muçulmanos. O Corão tem muitas referências à caridade.
“Crede em Allah e em Seu Mensageiro, e fazei caridade daquilo que Ele vos fez herdar. E aqueles que, dentre vós, crerem e fizerem caridade, obterão uma grande recompensa.” (Corão 57:7)
“Uma palavra cordial e uma indulgência são preferíveis à caridade seguida de agravos, porque Allah é, por si, Tolerante, Opulentíssimo.” (Corão 2:263)
“As esmolas (do Zakat) são tão somente para os pobres, para os necessitados, para os funcionários empregados em sua administração, para aqueles cujos corações têm de ser conquistados, para a redenção dos escravos, para os endividados, para a causa de Allah e para o viajante; isso é um preceito emanado de Allah, porque é Sapiente, Prudentíssimo.”(Corão 9:60)
O financiamento da caridade islâmica usa recursos de uma contribuição compulsória dos fieis chamada “Zakat”.
O pagamento o Zakat é anual e obrigatório para todos os muçulmanos. De uma maneira geral é de 2,5% da renda anual de cada pessoa. Cada muçulmano pode escolher a época mais adequada do ano para pagar o zakat, mas muitos optam por fazê-lo no mês sagrado do Ramadã.
Diferentemente das caridades laicas, judaicas e cristãs, a caridade islâmica só é destinada a ajudar muçulmanos ou “para aqueles cujos corações têm de ser conquistados”, ou seja, para aqueles que são passíveis de serem convertidos ao Islã.
A quem podem ser destinados recursos do Zakat
O Corão estabelece oito categorias de beneficiários do zakat:
- Fakir– os muçulmanos pobres e os que não conseguem arranjar trabalho;
- Miskin– os muçulmanos que não conseguem alcançar com o seu trabalho o mínimo para satisfazer as suas necessidades e as da sua família;
- Amil– os coletores do zakat;
- Muallaf– os convertidos ao islã e que em função da sua conversão possam ter perdido bens e sofrido dificuldades económicas;
- Riqab– os muçulmanos que se queiram libertar do estatuto de cativo de guerra ou de escravo;
- Gharmin– os muçulmanos endividados, desde que estas dívidas tenham sido contraídas para satisfazer as necessidades básicas;
- Fisabillillah– os muçulmanos que lutam pela causa de Allah, o que pode incluir a construção de mesquitas, hospitais, escolas, o investimento em obras de divulgação do islã ou a defesa da comunidade muçulmana de agressões externas;
- Ibnus Sabil– os muçulmanos que se encontram longe do seu lar, necessitando para a eles regressar de uma quantia em dinheiro de modo a cobrir o custo da viagem.
Com a riqueza obtida pela venda de petróleo, um considerável número de muçulmanos muito ricos, têm aplicado os recursos do Zakat na construção de grande quantidade de mesquitas, tanto em países muçulmanos quanto em países de maioria de não muçulmanos.
Grandes mesquitas estão sendo construídas até mesmo em pequenas cidades cristãs, com pequenas minorias de muçulmanos, tendo chegado ao ponto de surgirem grupos contrários a essas construções nos Estados Unidos.
Para atuar em conflitos armados, as nações islâmicas criaram a organização conhecida como Crescente Vermelho, cujo símbolo foi adotado durante guerra entre a Rússia e a Turquia, em 1876.
O Império Otomano Turco recusou usar a cruz vermelha, adotando uma lua crescente vermelha sobre um fundo branco, como sinal da característica humanitária da instalação ou veículo ser de uso médico. As autoridades otomanas acreditavam que a cruz era, por sua própria natureza, ofensiva aos muçulmanos.
Embora sejam feitos esforços para considerar o Crescente Vermelho como equivalente à Cruz Vermelha, ele tem uma forte ligação com a religião Islâmica, cujos seguidores são fortemente influenciados pela religião.
É pouco provável vermos o símbolo da cruz vermelha ao lado do crescente vermelho em países de maioria muçulmana, como o vemos em países ocidentais.
Só abordamos aqui algumas das mais conhecidas organizações de caridade do mundo, mas existem milhares de organizações “filantrópicas” que usam a caridade e ajuda humanitária para espalhar suas ideologias pelo mundo.
Na nossa Amazônia existem milhares de ONG (Organizações Não Governamentais) estrangeiras, lá instaladas para “ajudar” nossos pobres selvícolas, ao mesmo tempo que os catequizam e recolhem informações sobre nossas riquezas minerais e da flora para serem vendidas a grandes grupos multinacionais para futuras explorações.
Parafraseando Milton Friedman: “Não existe caridade grátis”.
Luigi Benesilvi
NOTA:
Além das referências diretas no texto, algumas partes foram transcritas ou adaptadas de artigos dos sites:
http://cristianismo.wikia.com/wiki/Zakat
http://infielatento.blogspot.com/2016/08/o-que-e-zakat-o-dizimo-islamico.html?m=1
http://www.islamemlinha.com/index.php/artigos/5-pilares-do-islao/item/o-zakat
https://www.bibliaon.com/oferta_e_dizimo/
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