Papa Francisco Emula São Francisco de Assis? – Luigi Benesilvi
(17/03/2019)

Em artigo publicado em 9 de março de 2019 no jornal Estadão, Dom Odilo Scherer afirma que o Papa Francisco emula ato de São Francisco de Assis, ao ter assinado em 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dabi (Emirados Árabes), a “Declaração de Fraternidade Humana” com o muçulmano e Grande Imã egípcio Ahmad al-Tayyeb.

Papa emula Francisco 1

Em um trecho, Dom Odilo escreveu:

“É um documento sem precedentes nas relações entre cristianismo e o islamismo, fruto do diálogo e de esforços conjuntos para prevenir ou superar conflitos de fundo religioso e toda forma de manipulação da religião para justificar atos de terrorismo e agressões contra as pessoas.

A ocasião escolhida para o acontecimento não foi casual. Em 2019 se recordam os 800 anos do encontro de São Francisco de Assis com o sultão alMalik al-Kamil. Era o tempo das cruzadas, mediante as quais governos ocidentais, apoiados pelo papado, queriam libertar, com a força militar, a Terra Santa da dominação muçulmana.”        

O estudioso do Islã, o egípcio Raymond Ibrahim manifestou uma posição bem diferente da Dom Odilo Scherer, no artigo “O Falso “Diálogo Inter-Religioso” do Papa Francisco Com o Mundo Muçulmano “, no qual comenta:

Quanto ao encontro caracterizado como um “encontro histórico entre São Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kāmil”, depois de séculos de invasões islâmicas, que conquistaram pelo menos dois terços do território cristão, os europeus finalmente começaram a reagir através das Cruzadas, no final do século XI.

Em 1219, durante a Quinta Cruzada, Francisco de Assis (1182-1226) e um companheiro procuraram fazer a sua parte, viajando para o Oriente Médio, onde procuraram audiência com o sultão al-Kāmil. Eles foram, apesar do voto de al-Kāmil, de que “qualquer um que trouxesse a cabeça de um cristão deveria receber uma peça de ouro bizantina“.

Francisco procurou salvar almas e vidas: Converter os muçulmanos através da sua pregação era o objetivo final dos esforços de Francisco e um fim pacífico para a guerra seria uma consequência dessa conversão.

Como Christoph Maier explica, Francisco, como os cruzados, queriam libertar os lugares santos da Palestina do domínio muçulmano. O que foi diferente foi a sua estratégia. Ele queria a submissão total dos muçulmanos à fé cristã.”

Não podemos saber ao certo se São Francisco foi até o Sultão para celebrar algum acordo de paz ou se foi audaciosamente até ele para converter os muçulmanos ao Cristianismo.

É necessário lembrar que o então jovem Francisco era um simples soldado do exército Cruzado, que tomou uma iniciativa temerária própria de entrar em contato com o comandante inimigo e não tinha qualquer autoridade para celebrar qualquer acordo com Sultão.

A verdade é que os esforços de São Francisco, em 1219, não tiveram qualquer efeito prático sobre o afã dos muçulmanos na conquista de mais territórios cristãos, com a subjugação e conversão estimulada de seus habitantes ao Islã.

Papa emula Francisco 2

Houve centenas de ataques e várias dezenas de países cristãos foram conquistados pelos muçulmanos, até serem finalmente contidos na Batalha de Viena, em 1683.

O não cumprimento de acordos com os “infiéis” é uma duradoura tradição dos muçulmanos, que começou pelo próprio Maomé. É um princípio estabelecido pelo “Tratado de Hudaybiyyah”, como explica a estudiosa do Islã, Brigitte Gabriel, num trecho do artigo “Uma Breve História do Islã”.

“O Tratado de Hudaybiyyah [Udaibiá] é um princípio islâmico sobre a guerra e como enganar os inimigos quando tiver que assinar tratados de paz. É baseado num exemplo do Profeta Maomé. Ele atacava caravanas de Mecca, quando já estava vivendo em Medina.

Atacava as caravanas para roubar bens e dinheiro para distribuir aos seus seguidores. Era assim que conseguia recrutar mais seguidores, pois era um meio de ganhar dinheiro sem trabalhar. Atacava as caravanas também para enfraquecer Mecca.

Um dia percebeu que não podia derrotá-los e na cidade de Hudaybiyyah, assinou um tratado de paz de 10 anos com Mecca, estabelecendo que ele não os atacaria, que seria pacífico, que não declararia guerra a Mecca. Maomé usou o tratado e durante dois anos reforçou seu exército.

De repente atacou Mecca, quando eles menos esperavam, porque eles pensavam que Maomé honraria o tratado de paz. Maomé quebrou o tratado de 10 anos e atacou Mecca apenas dois anos depois de assiná-lo. Mecca foi derrotada em menos de 24 horas porque eles não esperavam serem atacados. Isso ficou estabelecido como um princípio de guerra para o Islã.”

Parece que o Papa Francisco, assim como a maioria dos líderes políticos e autoridades religiosas ocidentais, conhecem muito pouco do verdadeiro Islã e a diferença de mensagens que usam com seus seguidores e com os não muçulmanos.

Como explica a ex-muçulmana iraniana, refugiada nos Estados Unidos, Aynaz Anni Cyrus, neste artigo,  no Islã é permitido mentir e enganar em determinadas circunstâncias e o tratamento com os infiéis é uma dessas ocasiões.

Papa emula Francisco 3

Não entender isso, tornam os ocidentais presas fáceis dos muçulmanos em qualquer tipo de negociação que envolva aspectos políticos e religiosos.

Dom Odilo Scherer também escreveu que em 1219

“São Francisco foi procurar os “irmãos muçulmanos”, como “um crente sedento de paz”. No encontro com o sultão, ele conseguiu muito mais do que poderia ter conquistado com exércitos e armas. Não é por nada que, desde aqueles tempos, os franciscanos puderam estabelecer-se na Terra Santa para cuidar dos lugares ligados à fé cristã e acolher ali os peregrinos, como fazem ainda hoje.”

Se alguma autoridade muçulmana fizesse um documento equivalente ao de Dom Odilo, relatando os benefícios da tolerância e respeito dos muçulmanos para com os Cristãos, quase certamente seria taxado de traidor da fé e provavelmente condenado à morte.

A verdade é que o Islã está crescendo fortemente em todos os países de maioria Cristã e os Cristãos estão sendo perseguidos em todos os países de maioria muçulmana.

Os “acordos”, quanto muito, permitem aos Cristãos viverem em países de maioria muçulmana como cidadãos de segunda classe (dhimmis), oprimidos, só podendo exercer atividades de pouca importância, não lhes sendo permitido exercer cargos públicos relevantes.

Isso faz com que a população dos Cristãos vá diminuído aos poucos, até desaparecer completamente, como já acontece na Arábia Saudita e Iêmen, caminho que está sendo seguido velozmente por quase todos os países do norte da África, Oriente Médio (exceto Israel), Malásia, Indonésia e alguns outros países da Ásia.

O fato é que praticamente não existem mais missionários católicos para promover a fé e salvar as almas perdidas, mas todo o muçulmano devoto tem como uma das suas principais obrigações a promoção de esforços para converter ao Islã (Dawa) a maior quantidade possível de infiéis.

Luigi Benesilvi

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