Crescentes Taxas de Homicídios no México Provam que o Desarmamento é Mortal – John R. Lott Jr
(21/10/2019)
O controle de armas de fogo no México é um dos mais restritivos do mundo e a maioria dos criminosos não contrabandeia suas armas dos Estados Unidos.
Cena do massacre em Vera Cruz, México, dia 16 de maio de 2019 – PHOTO: YAHIR CEBALLOS
Outro mês, outro número recorde de homicídios no México. Nos primeiros nove meses de 2019, o México teve 25.890 homicídios – quase seis vezes mais homicídios por 100 mil habitantes do que nos Estados Unidos.
O México estaria precisando de uma lei mais rigorosa de controle de armas de fogo?
Não. As leis de controle de armas de fogo no México são as mais restritivas do mundo. Há muitas décadas em todo o México existe somente uma loja de venda de armas de fogo. Trata-se de uma loja controlada pelos próprios militares, localizada na Cidade do México.
Os preços dessa loja são muito altos e o rifle mais potente que pode ser comprado nela é um de calibre 22. Não é permitida a compra e venda de armas entre pessoas. Qualquer transferência de armas diretamente entre pessoas é ilegal se não for permitida “extraordinariamente” pelos militares, o que raramente acontece. As pessoas só podem vender armas para o próprio governo, que então decide se as vende ou não para alguma outra pessoa.
Obter autorização para adquirir uma arma é um grande feito, por si só. Verificações de idoneidade podem demorar mais de seis meses para serem feitas e requerem a obtenção das impressões digitais do pretenso comprador e avaliação de seu histórico empregatício. Somente 1% dos civis Mexicanos possuem licença de posse de armas de fogo.
Quando testemunhei numa audiência do Senado Mexicano alguns anos atrás, alguns senadores, que estavam sofrendo ameaças de morte, me disseram que mesmo para eles não era concedida a autorização para portarem armas de fogo para sua própria defesa.
Não foi sempre assim. Os Mexicanos tinham direito a possuírem armas de fogo até 1971, quando a Constituição foi emendada para dar ao governo o total controle sobre o acesso a armas.
Em 1972, o governo editou medidas bastantes restritivas sobre a posse e porte de armas de fogo. Agora esses poucos Mexicanos não podem portar armas fora de suas residências sem uma autorização expressa da Secretaria Nacional de Defesa – mesmo se a arma estiver devidamente registrada, descarregada, trancada numa caixa e for transportada entre diferentes residências de seu proprietário.
Em 2019, a taxa de homicídios no México é o dobro daquela de 1972. Autoridades Mexicanas atribuem isso aos Estados Unidos, onde existe forte direito de posse de armas pelos cidadãos honestos. Mas as armas automáticas frequentemente usadas para cometer crimes no México, são severamente restritas nos Estados Unidos.
Entre 2005 e 2014, mais de 13 mil granadas foram apreendidas pelo governo Mexicano e essas simplesmente não podem ser adquiridas nos Estados Unidos.
Em 2016, um relatório do governo Americano reportava a pouca colaboração das autoridades Mexicanas no rastreamento de armas de fogo.
Então, de quem os criminosos Mexicanos compram suas armas de fogo?
“A maioria dos cartéis compra suas armas em grandes lotes, que chegam através da Nicarágua e outros países Sul Americanos. Armas também veem de alguns países da Ásia e do Oriente Médio”, informou uma autoridade policial de Tijuana, que pediu anonimato ao dar uma entrevista à rede de notícias Fox News.
De acordo com dados da Agência de Controle de Armas e Explosivos, 70% das armas dos criminosos Mexicanos provém dos Estados Unidos, mas esses números são baseados unicamente na pequena quantidade de armas que as autoridades Mexicanas apreendem, rastreiam e submetem às agências oficiais para verificação. Esse é um conjunto muito pequeno de armas.
Aliás, o México submeteu apenas cerca de 11 mil armas apreendidas para verificação pela ATF nos anos de 2007 e 2008, embora tenha apreendido mais de 29 mil armas no mesmo período. Daquelas, 6 mil foram rastreadas com sucesso e 90% das rastreadas vieram dos Estados Unidos. Assim, estima-se que cerca de 17,6% do total de armas existentes no México podem ser rastreadas como provenientes dos Estados Unidos.
“Esses tipos de armas – as versões automáticas dessas armas – não estão vindo de El Paso”, disse à Fox News, Ed Head, um instrutor de armas do Arizona, que passou 24 anos como agente da Guarda de Fronteira dos Estados Unidos.
“As armas veem de outras fontes. Elas são compradas na Guatemala. Elas são trazidas de lugares como a China. Elas são roubadas dentro de instalações militares. Mas eles não podem comprar essas armas de vendedores em solo Americano”.
Leis muito restritivas de controle de armas e altas taxas de homicídios frequentemente veem juntas.
Outros países que se encaixam nesse padrão incluem o Brasil e a Rússia. Se você olhar nesses países, desenvolvidos ou não, aqueles que têm as maiores taxas de possuidores de armas de fogo, tendem a ter menores taxas de homicídios e menores taxas de massacres.
Leis de controle de armas, não importa o quanto são draconianas, não resolvem os problemas criminais.
É muito simples – a única maneira de parar um cara violento armado é um cara honesto com uma arma na mão.
Desarmar o cidadão honesto só dá mais poder ao criminoso.
John R. Lott
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NOTA:
O John R. Lott é o presidente do Instituto de Pesquisa para Prevenção de Criminalidade e autor do livro “The War on Guns” e “More Guns Less Crimes”,
O artigo foi traduzido por Luigi Benesilvi de um artigo do Wall Street Journal, disponível, dia 22/10/2019, neste link:
https://www.wsj.com/articles/mexicos-soaring-murder-rate-proves-gun-control-is-deadly-11571696723
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