Conheça como funciona o mecanismo para não cair no processo de formação de massas – Matias Desmet

(03/06/2022)

Você tem que entender a formação de massas, se quiser entender a essência do totalitarismo. As pessoas seguidamente confundem a ditadura clássica com o totalitarismo.

Você está testemunhando agora o surgimento de um novo tipo de totalitarismo. Não o totalitarismo fascista e nem o comunista, mas um totalitarismo tecnocrático.

Ao mesmo tempo, ele é semelhante e diferente do totalitarismo fascista e comunista. Penso que estamos testemunhando o surgimento de um novo totalitarismo. É realmente crucial entender o que é a formação de massas e estar ciente de como um estado totalitário surge numa sociedade.

A formação de massas é um caso típico de formação de grupos, com um específico e característico impacto no funcionamento mental dos indivíduos.

Um dos mais notáveis efeitos da formação de massas no funcionamento psicológico individual é que ele torna as pessoas radicalmente incapazes de afastar-se daquilo que o grupo acredita.

Então, uma vez que as pessoas estiverem apegadas nesse processo de formação de massas, elas estarão tipicamente cegas para características absurdas daquilo que o grupo pensa e daquilo que o grupo acredita. E isso pode ir muito longe.

Pessoas que são pegas pela formação de massas, podem verdadeiramente acreditar em coisas mais absurdas. Em coisas muito absurdas, mesmo em relação a gente que é usualmente altamente inteligente e altamente educada.

É algo muito característico, que podemos dizer que os exemplos históricos mostram que, quanto maior o nível de educação, mais vulneráveis são as pessoas à formação de massas.

E também que essa gente, altamente educada, às vezes, altamente inteligente tendem a serem capazes de acreditar nas coisas mais absurdas.

Darei a vocês um exemplo.

Na revolução do Irã em 1979, uma imensa formação de massa aconteceu naquela sociedade. As pessoas começaram a acreditar que uma imagem do Aiatolá Khomeini, considerado o líder das massas, havia sido impressa na superfície da lua. Todas as noites, quando havia lua, as pessoas olhavam para o céu, apontando para a lua, mostrando uns aos outros onde exatamente e retrato do Aiatolá havia sido impresso na superfície da lua.

Esse é um exemplo típico de algo absurdo, que as massas começaram a acreditar.

Há inúmeros outros exemplos de formação de massas em larga escala, que aconteceram na União Soviética, na Alemanha nazista, durante a caça às bruxas, durante a Revolução Francesa e assim por diante

Uma coisa estranha e mística é a cegueira das pessoas nas massas. Outra importante característica da formação de massas é que as pessoas que estão dentro dela parecem estar completamente ignorantes disso.

É como se elas não percebessem mais que estão perdendo muitas coisas enquanto estão dentro da formação de massas, coisas que costumavam ser importantes para elas.

As pessoas parecem perder toda a consciência de seus interesses individuais egoístas. Pessoas dentro da formação de massas podem perder tudo e os líderes das massas podem tirar tudo das pessoas submissas, sem que essas pessoas percebam isso.

Outra característica muito importante para as pessoas na formação de massas é que se tornam radicalmente intolerantes a vozes dissidentes. Isso é como se elas fossem radicalmente alérgicas; como se não conseguissem mais tolerar as pessoas que pensam diferente.

É como se não permitissem qualquer individualidade desviada da norma do grupo. Esse é um dos maiores efeitos da formação de massas e isso pode ir bem longe.

Pessoas dentro da massa, tipicamente, tendem a estigmatizar qualquer um que não acompanha a massa e no final eles tipicamente usam a ciência contra pessoas que não se submetem à massa.

E a derradeira etapa é que elas tentam destruir essas pessoas de numa maneira típica. Elas tentam destruir essas pessoas como se isso fosse um dever cívico fazerem isso.

Para dar um exemplo sobre esse tipo de processo, há uns 2 meses eu estava falando com Shoreh Feshtali, que viveu no Irã durante a revolução dos Aiatolás.

Ela mencionou ter visto, com seus próprios olhos, uma mulher denunciar o próprio filho ao governo, por achar que ele não era leal suficiente ao governo e como ela colocou a corda no pescoço dele antes dele ser enforcado. Ela ainda clamou ser uma heroína por fazer isso.

Todas essas características são realmente típicas e caracterizam o estranho processo da dinâmica de grupos que nós chamamos “formação de massas”.

Uma vez que você entende que elas podem parecer realmente assustadoras e estranhas mentalmente. Mas quando você entende o mecanismo da formação de massas, enxerga que, do ponto de vista psicológico, elas são bastante lógicas.

O fenômeno de formação de massas tornou-se aumentado, mas ele existe desde que a humanidade existe. Nos últimos 3 séculos, ele se tornou crescentemente mais forte e passou a durar mais tempo.

O que tornou mais poderoso o mecanismo de formação de massas é o fato que nos últimos 3 ou 4 séculos vimos surgir a chamada visão mecanicista feudal do mundo, que significa… que ficamos convencidos ou nossa sociedade está convencida que o universo e tudo o que ele contém é um sistema materialista, que pode ser reduzido a partículas elementares, em que todas interagem entre si de acordo com a leis da mecânica.

Todos os átomos e as moléculas interagem de acordo com a leis da mecânica e que podemos descrever esse inteiro universo mecanicista de acordo com a visão mecanicista da humanidade no mundo, numa maneira estritamente racional.

É esse tipo de visão da humanidade no mundo que leva, não somente a um muito racionalista e de fechado pensamento, que isola mentalmente os indivíduos do mundo em volta deles.

E também leva a uma excessiva industrialização do mundo e à necessidade ao intenso uso de tecnologias. Isso, por sua vez, leva as pessoas a se sentirem desconectadas de seu ambiente natural.

Está claro agora, que nos últimos 3 séculos o número de pessoas que se sentem solitárias e desconectadas e que pararam de sintonizar-se com o mundo a seu redor está aumentando progressivamente.

Algum tempo antes da crise do Coronavírus, esse problema se tornou realmente muito forte, que a então Primeira-Ministra, Theresa May, da Grã-Bretanha, resolveu criar o Ministério da Solidão, porque soube haver muitas pessoas isoladas socialmente.

Nos Estados Unidos, o Chefe dos Serviços de Saúde Pública, também mencionou haver uma epidemia de solidão.

Então, essas solitárias pessoas desconectadas, tendem a sentir ausência de sentido na vida. Quando se sente desconectado, você começa a ser confrontado com experiências de ausência de sentido da vida e então são confrontadas com a assim chamada “ansiedade indefinida”, frustração e agressão.

Essas ansiedades, frustrações e agressões, não são conectadas a uma representação mental ou, em termos mais simples, um tipo de ansiedade de frustração e agressão, da qual a pessoa não sabe a causa dela sentir-se frustrada e porque está agressiva. Esse é um adverso estado mental extremo.

Se as pessoas nesse estado sentem não ter controle quando confrontadas com suas ansiedades porque não sabem a causa dela, então, quando muitas pessoas estão nesse estado algo muito típico acontece nessa sociedade.

Se uma narrativa é disseminada nessas condições pela mídia de massa, indicando um objeto da ansiedade e provendo uma estratégia para lidar com o objeto dessa ansiedade, que, por exemplo, pode ser um vírus, lockdowns, antifatores, códigos QR e assim por diante.

Então pode haver uma grande vontade da população seguir a estratégia de lidar com o objeto da ansiedade, mesmo que essa estratégia, em muitos aspectos, seja completamente absurda.

A razão é que essa gente participou na estratégia, apenas porque a primeira fase deu às pessoas um sentimento de serem capazes de controlar seu objeto da ansiedade e também de encontrarem um objeto para projetar ou direcionar suas frustrações e agressividades.

Isso é extremamente importante. É o primeiro passo, a primeira vantagem psicológica. O segundo passo é ainda mais importante, porque muita gente, ao mesmo tempo, participou na estratégia de lidar com o objeto da ansiedade e as pessoas começam a se sentir conectadas novamente.

E essa é a maior razão das pessoas se submeterem à narrativa, mesmo que ela seja completamente absurda. Elas desejam essa conexão. As pessoas são intrinsecamente e essencialmente seres sociais e quando se sentem desconectadas, elas sentem estarem no mais adverso estado mental e isso é aliviado sintomaticamente pela formação de massas.

Eu digo, sintomaticamente, porque a massa é um grupo, que não é formado por causa de uma forte conexão entre indivíduos. É um grupo formado porque existe uma forte conexão de cada indivíduo, separadamente, com a coletividade.

Então, as pessoas numa massa sentem uma tremenda solidariedade e cidadania. Mas não é uma solidariedade de um indivíduo a outro indivíduo, é uma solidariedade de cada indivíduo ao coletivo, ao grupo.

Isso explica porque, por exemplo, na crise do Coronavírus, todas as pessoas falavam em solidariedade. Elas estavam cheias de solidariedade e ao mesmo tempo aceitaram que alguém, que se seu vizinho, tiver um acidente na rua, elas não são mais permitidas a ajudá-lo, a não ser que, casualmente, aconteça delas terem luvas cirúrgicas e máscaras cirúrgicas à disposição delas. Isso estava escrito no website do governo europeu, por exemplo.

Do mesmo modo, as pessoas aceitavam, durante a crise do Coronavírus, que quando seu pai ou sua mãe estivesse morrendo, não fosse mais permitido visitá-los e fizeram isso em nome da solidariedade aos idosos. Isso é absurdo, essa coisa foi muito estranha.

Então, numa massa, toda a energia psicológica é removida das conexões sociais entre indivíduos e toda ela é investida na conexão social do indivíduo com a coletividade.

Isso explica porque as pessoas numa massa ou porque a formação de massas num estado totalitário acaba indo para uma radical e paranoica atmosfera, na qual os cidadãos estão dispostos a denunciar ao coletivo ou ao estado, qualquer um, mesmo as pessoas que mais amavam antes da formação da massa, se elas tiverem o sentimento que esse indivíduo não mostra solidariedade suficiente com a coletividade.

Então, esse é o estranho efeito que a formação de massa tem e no qual, é importante mencionar, penso eu, que a formação de massas não é similar à hipnose, ela é idêntica.

O exato processo acontece na hipnose. Na hipnose existe alguém, o hipnotizador, que tem a habilidade natural de remover a atenção de alguém do ambiente e direcioná-la toda para uma extremamente pequena parte da realidade, por exemplo, um pêndulo que se move na frente dos olhos da pessoa hipnotizada e consequentemente, depois disso, é como se o resto da realidade não existisse mais. E isso pode ir extremamente longe.

Um simples procedimento de hipnose é suficiente para fazer alguém ficar tão insensível com seu corpo, por exemplo, uma vez que sua atenção não está mais focada em seu corpo, que um cirurgião é perfeitamente capaz de realizar uma operação cardíaca aberta, na qual ele corta direto pela pele, na carne e no osso do peito do paciente, sem que o paciente perceba.

Então, essa é a força, a enorme força de focar a atenção que existe na hipnose, no ilusionismo e também na formação de massas.

Isso explica, é claro, porque você pode tirar tudo dessa gente que está na formação de massas, sem que elas percebam que estão sendo despojadas.

Matias Desmet

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NOTA

O texto acima foi extraído das legendas  deste vídeo publicado no Rumble ou deste vídeo publicado no Youtube, cujas legendas foram feitas por Luigi Benesilvi. O vídeo é apenas uma parte de uma entrevista do Dr. Matias Desmet. A entrevista completa, com legendas em inglês, pode ser assistida neste link do Youtube, canal “Corbett Report”.

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