Climatologista questiona a existência de consenso sobre o aquecimento global
(27/03/2023)
O texto abaixo faz parte do depoimento da climatologista Judith Curry numa audiência sobre mudanças climáticas do Senado dos EUA.

“Agradeço ao coordenador e os outros membros pela oportunidade de oferecer este testemunho hoje.
Antes de 2009 eu sentia que apoiar o consenso da IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) nas mudanças climáticas era a coisa responsável a fazer
Fui cativada pelo argumento “Não acredite no que um cientista diz, acredite no que uma equipe internacional de mil cientistas diz, depois de muitos anos de cuidadosa deliberação“.
Tudo mudou para mim em novembro de 2009, em seguida a um vazamento de e-mails do escândalo “climagate”, que ilustrava as armações e até constrangimentos que faziam para criar o “consenso”.
Comecei a me manifestar dizendo que os cientistas teriam que fazer melhor em compilar os dados e apoiar informações disponíveis publicamente, serem mais transparentes com a forma em que chegavam a conclusões, fazerem melhor trabalho ao avaliar incertezas e se engajarem ativamente com cientistas que tinham menores perspectivas.
A resposta de meus colegas a isso pode ser resumida no título de um artigo de 2010 na revista “Cientific American”.
“A herética climática, Judith Curry, se volta contra seus colegas”.
Eu percebi que havia caído na armadilha do “bom pensamento”. Eu tinha aceitado o “consenso”, baseado em evidências de segunda categoria, a premissa que o consenso existia.

Comecei a fazer uma avaliação independente em tópicos da ciência do clima que têm mais relevância para políticas e o que concluí dessa avaliação que a causa humana das mudanças climáticas é uma teoria em que os mecanismos básicos são bem conhecidos, mas cuja magnitude é altamente incerta.
Ninguém questiona que as temperaturas da superfície da terra têm aumentado em geral desde 1880; ou que a humanidade tem adicionado dióxido de carbono na atmosfera; ou que o dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa têm um efeito de aquecimento do planeta.
Entretanto, existe uma considerável incerteza e divergências sobre os mais consequenciais assuntos se o aquecimento está sendo produzido por causas humanas ou é devido à variabilidade natural, quanto o planeta vai aquecer no século 21 e quanto esse aquecimento é perigoso?
O assunto central em debates sobre mudanças climáticas é a extensão que o aquecimento recente e futuro é causado por humanos ou se é causado por variabilidade natural.
Esforços em pesquisas e financiamentos estão focados no entendimento das causas humanas das mudanças climáticas. Assim, temos sido desviados do desafio de conhecer as causas das mudanças do clima por não dar suficiente atenção às causas naturais da variabilidade do clima, em particular pelo sol e pela oscilação a longo prazo das circulações oceânicas.
Por que os cientistas discordam sobre mudanças climáticas?
Os dados históricos são esparsos e inadequados. Há discordâncias sobre diferentes classes de evidências notavelmente a respeito dos valores dos modelos mundiais do clima. Há divergências sobre a estrutura lógica para relacionar e acessar as evidências. E cientistas divergem sobre avaliações em áreas de ambiguidade e ignorância.
Como então e por que os cientistas do clima chegaram a um consenso a respeito de um problema científico muito complexo que os próprios cientistas reconhecem ter fundamentais incertezas?

Cientistas do clima estão envolvidos em ásperos debates políticos que polarizam a comunidade científica.
Como resultado de minhas análises eu desafiei as conclusões do IPCC e tenho sido chamada de “negacionista” por outros cientistas do clima e mais recentemente pelo senador Sheldon Whitehouse.
Minhas motivações têm sido questionadas pela deputada Grey Alba, em recente carta enviada ao Presidente do “Instituto Georgia Tech”.
Há uma enorme pressão sobre os cientistas do clima para que se conformem ao chamado “consenso”. Essa pressão não vem só de políticos, mas também de agências de fundos federais, de universidades e sociedades profissionais e dos próprios cientistas que são ativistas “verdes”.
Na promoção desse consenso há um forte interesse financeiro, de reputações e de autoridade.
Nesse ambiente politizado, advogar pela redução de emissão de dióxido de carbono se tornou a posição esperada de cientistas do clima.
Essa advocacia se estende a entidades profissionais, jornais públicos e organizadores de conferências. Advocacia política, quando combinada com subestimação de incertezas, arrisca destruir a reputação da ciência por honestidade e objetividade sem as quais, os cientistas se tornam considerados meramente como qualquer outro grupo de “lobistas”.
Quero agradecer o Comitê por levantar o assunto de dados versus dogma e apoiar na melhoria da integridade da ciência do clima. Isso conclui meu testemunho.”
Judith Curry
Climatologista
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NOTA
O texto acima foi extraído das legendas deste vídeo, legendado por mim e publicado no rumble. As imagens foram inseridas apenas para facilitar a localização do progresso da leitura.
Luigi
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